Como prometemos, participamos da I Etapa do CODF 2016, o maior campeonato de orientação do DF, e trazemos aqui nossas impressões sobre o evento.
A prova ocorreu em uma área de cerrado típica, com matas ciliares e terreno movimentado. Um aspecto que influenciou os tempos finais foi o maior volume de água no campo de provas devido às chuvas ocorridas no sábado.
Antes do início da competição houve cerimônia de abertura com a presença de autoridades da FODF e da CBO. Também se fizeram presentes orientistas de clubes pertencentes a outros estados (COSEC, COCER, COSELE, COABOM, COCAMP, COCAPRI e COESC), e alguns praticantes de Corridas de Aventura.
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Para maiores informações sobre o torneio e outras imagens, acesse o sítio da FODF.
Sobre a prova em si, vamos às nossas impressões gerais:
- A FODF adotou a largada sem base de partida, aos moldes das competições internacionais. Entretanto, e apesar das orientações prévias, houve confusão tanto por parte dos atletas quanto da organização. O horário de largada ficou 3' acima da hora real. Mas no geral, a organização conseguiu realizar este primeiro teste da nova metodologia. Um teste para a III Etapa do CamBOr, que será realizada em Brasília;
- A arena escolhida atendeu com maestria os presentes. Foi utilizada a área da Escola Classe Ipê, com toda estrutura necessária para o evento;
- As chuvas do dia anterior tornaram o campo de provas encharcado, dificultando a progressão para algumas categorias, mas isso só tornou o desafio mais interessante, principalmente para as categorias A e E;
- Alguns pontos acabaram por proporcionar o encontro de competidores de mesmas categorias, sendo comuns os "encarneiramentos", ou seja, atletas da mesma categoria percorrendo juntos os mesmos trechos;
- Nenhum competidor de categoria N completou seu percurso em tempo inferior a 30'. As pistas variaram de 1800 a 2500m para estes;
- Considerando que vários atletas completaram seus percursos com tempos superiores a 120', é provável que os tempos pré-estimados tenham sido inadequados para a prova.
Para a análise de rotas, vamos discutir somente alguns pontos julgados influentes no resultado final.
A metodologia da análise consiste em apresentar os trechos percorridos e responder às seguintes perguntas: o que planejei; o que fiz; e o que deveria ter feito. Foram utilizados os programas QuickRoute e o SplitsBrowser (funcionalidade do Helga-O). Para visualizar em tamanho maior, basta clicar em cada imagem.
Meu objetivo particular é efetuar o percurso com rotas que não ultrapassem 20% além da distância descrita no mapa, num pace (tempo gasto para percorrer 1km) médio de 7'/km.
Nesta prova, a distância descrita no mapa foi de 8km. Portanto, para atingir o objetivo, deveria ter percorrido uma distância real de até 9,6km. Essa distância, num pace de 7'/km demandaria pouco mais de 67 minutos. Ocorre que o terreno encharcado, com vegetação pesada e, claro, alguns erros cometidos resultaram em mais de 120' e 11,13km para completar o mapa.
Aqui as informações sobre velocidade, distância e altimetria:
Este é o mapa da H21E:
E este o mapa com minhas rotas (nitidamente existem dois pontos onde tive dificuldade de encontrar os prismas):
No QuickRoute informações importantes para esta análise estão na tabela ao lado direito do mapa, apresentando quais os pontos demandaram maior tempo e maior distância percorrida. Observem que nas rotas para os pontos 3, 12 e 16 os tempos e as distâncias demandadas foram bastante elevados:
Ainda aproveitando a imagem acima, observem que mais da metade do gráfico de velocidade está em vermelho, indicando a lentidão na orientação fina.
Rota do Ponto 2 para o Ponto 3
O que planejei: seguir pela estrada e descer pela trilha secundária nas proximidades do ponto 17. Ao chegar na área de mata fechada, atacar o ponto num azimute e velocidade baixa.
O que fiz: segui conforme planejado. Ocorre que a trilha secundária não permitia o deslocamento na velocidade desejada, demandando maior tempo e esforço físico. Ao chegar no ponto de ataque, houve erro na contagem da distância e acabei efetuando voltas, saindo da região por duas vezes. Somente na terceira tentativa consegui acertar o ataque e, assim, encontrar o prisma. Importante observar que na região do ponto existiam outros competidores, também em dificuldades. A experiência demonstra que em situações como esta é melhor seguir individualmente com suas próprias decisões. Geralmente, várias pessoas juntas em busca de um prisma significa abandono de técnicas.
O que deveria ter feito: seguir pela estrada até a cerca (a) após o ponto 17. Competidores que desceram para a região do ponto utilizando a cerca como corrimão tiveram menos dificuldade, pois a vegetação era menos densa. Ao chegar na área do ponto de ataque (b), escolher o local com atenção e efetuar a contagem da distância devagar, rumo ao prisma.
Foram 13' gastos até o primeiro ataque. As tentativas posteriores demandaram outros 10'. Pelo SplitsBrowser comprova-se que este ponto demandou menos de 15' para ser encontrado pelos mais rápidos.
Rota do Ponto 11 para o Ponto 12
O que planejei: seguir em azimute para a área de mata fechada, diminuir a velocidade conferindo a posição atual e atacar o ponto lentamente efetuando a contagem de passos.
O que fiz: como havia o encarneiramento com outros atletas da Elite, optei por seguí-los. Ocorre que o grupo tomou rumo equivocado, seguindo para o lado esquerdo. Depois que o grupo se desviou ainda mais à esquerda, me separei e retornei para o ponto de ataque inicial. De lá, busquei correção e encontrei a linha d'água que me levou ao ponto corretamente. Como resultado, encontrei o ponto antes do restante do grupo.
O que deveria ter feito: seguir em azimute e utilizar a linha d'água como ponto de ataque. Este ponto não apresentava dificuldade para ser atingido.
Foram gastos 3'09 até a localização à esquerda do ponto (observe o gráfico de velocidade abaixo do mapa). As tentativas posteriores demandaram outros 12'. Mais uma vez, ficou bem clara a importância de seguir suas próprias rotas e em bom estado de atenção.
Rota do Ponto 15 para o Ponto 16
O que planejei: seguir pelo curso d'água até a parte de vegetação mais clara e atacar o prisma.
O que fiz: outros competidores saíram "encarneirados", atravancando" a mata em azimute. Segui por alguns metros mas decidi voltar e utilizar a linha d'água como corrimão e utilizar o ponto 14 como ponto de checagem. Dali, azimutar para o ponto 16. Ocorre que o primeiro ponto de travessia do córrego se demonstrou difícil de ser vencido, sendo necessário voltar alguns metros e encontrar melhor passagem. Dali foi efetuada a devida contagem de passos e azimute rumo ao prisma.
O que deveria ter feito: incluir no planejamento o uso do ponto 4 como ponto de checagem.
Os demais pontos foram localizados sem maiores dificuldades. As rotas foram planejadas adequadamente e aplicadas as técnicas de orientação corretamente. Uma observação fica para a rota do ponto 17 para o ponto 18, pois o azimute foi desrespeitado e acabei caindo para a direita. O erro foi corrigido a tempo, mas se ocorresse em área mais acidentada ou de vegetação mais densa, provavelmente me traria mais dificuldades e perda de tempo.
Tempo do vencedor: 86 minutos
Tempo perdido nos pontos acima discutidos: 33 minutos
Distância aproximada percorrida a maior nos pontos acima discutidos: 1300m
Principais lições aprendidas nesta prova: confie na sua orientação!
E aí, conte aos leitores o que você achou desta prova e, também, da análise de rotas acima. Utilize o campo de comentários e faça suas ponderações.
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Boas rotas \o/
orientistaemrota