sábado, 19 de março de 2016

Começou o Campeonato de Orientação do DF 2016

Olá, estimados orientistas \o/

Como prometemos, participamos da I Etapa do CODF 2016, o maior campeonato de orientação do DF, e trazemos aqui nossas impressões sobre o evento.

A prova ocorreu em uma área de cerrado típica, com matas ciliares e terreno movimentado. Um aspecto que influenciou os tempos finais foi o maior volume de água no campo de provas devido às chuvas ocorridas no sábado.
Foram quase 300 competidores decididos a iniciar o ano na rota certa. E os clubes do DF fizeram sua parte, deixando à disposição de todos amenidades como sucos, sanduíches e bolos. Também atenderam à solicitação da FODF e vários orientistas mais experientes dividiram seu conhecimento com os novos participantes (grande parte proveniente do último curso de formação, realizado também em março).
Antes do início da competição houve cerimônia de abertura com a presença de autoridades da FODF e da CBO. Também se fizeram presentes orientistas de clubes pertencentes a outros estados (COSEC, COCER, COSELE, COABOM, COCAMP, COCAPRI e COESC), e alguns praticantes de Corridas de Aventura.

Para visualizar os resultados da competição clique aqui.
Confira também as fotos do evento. Clique aqui, ou aqui, e acesse nosso álbum.
Para maiores informações sobre o torneio e outras imagens, acesse o sítio da FODF.

Sobre a prova em si, vamos às nossas impressões gerais:
  • A FODF adotou a largada sem base de partida, aos moldes das competições internacionais. Entretanto, e apesar das orientações prévias, houve confusão tanto por parte dos atletas quanto da organização. O horário de largada ficou 3' acima da hora real. Mas no geral, a organização conseguiu realizar este primeiro teste da nova metodologia. Um teste para a III Etapa do CamBOr, que será realizada em Brasília;
  • A arena escolhida atendeu com maestria os presentes. Foi utilizada a área da Escola Classe Ipê, com toda estrutura necessária para o evento;
  • As chuvas do dia anterior tornaram o campo de provas encharcado, dificultando a progressão para algumas categorias, mas isso só tornou o desafio mais interessante, principalmente para as categorias A e E;
  • Alguns pontos  acabaram por proporcionar o encontro de competidores de mesmas categorias, sendo comuns os "encarneiramentos", ou seja, atletas da mesma categoria percorrendo juntos os mesmos trechos;
  • Nenhum competidor de categoria N completou seu percurso em tempo inferior a 30'. As pistas variaram de 1800 a 2500m para estes;
  • Considerando que vários atletas completaram seus percursos com tempos superiores a 120', é provável que os tempos pré-estimados tenham sido inadequados para a prova.
Para a análise de rotas, vamos discutir somente alguns pontos julgados influentes no resultado final.
A metodologia da análise consiste em apresentar os trechos percorridos e responder às seguintes perguntas: o que planejei; o que fiz; e o que deveria ter feito. Foram utilizados os programas QuickRoute e o SplitsBrowser (funcionalidade do Helga-O). Para visualizar em tamanho maior, basta clicar em cada imagem.
Meu objetivo particular é efetuar o percurso com rotas que não ultrapassem 20% além da distância descrita no mapa, num pace (tempo gasto para percorrer 1km) médio de 7'/km.
Nesta prova, a distância descrita no mapa foi de 8km. Portanto, para atingir o objetivo, deveria ter percorrido uma distância real de até 9,6km. Essa distância, num pace de 7'/km demandaria pouco mais de 67 minutos. Ocorre que o terreno encharcado, com vegetação pesada e, claro, alguns erros cometidos resultaram em mais de 120' e 11,13km para completar o mapa.
Aqui as informações sobre velocidade, distância e altimetria:

Este é o mapa da H21E:

E este o mapa com minhas rotas (nitidamente existem dois pontos onde tive dificuldade de encontrar os prismas):

No QuickRoute informações importantes para esta análise estão na tabela ao lado direito do mapa, apresentando quais os pontos demandaram maior tempo e maior distância percorrida. Observem que nas rotas para os pontos 3, 12 e 16 os tempos e as distâncias demandadas foram bastante elevados:

Ainda aproveitando a imagem acima, observem que mais da metade do gráfico de velocidade está em vermelho, indicando a lentidão na orientação fina.

Rota do Ponto 2 para o Ponto 3

O que planejei: seguir pela estrada e descer pela trilha secundária nas proximidades do ponto 17. Ao chegar na área de mata fechada, atacar o ponto num azimute e velocidade baixa.
O que fiz: segui conforme planejado. Ocorre que a trilha secundária não permitia o deslocamento na velocidade desejada, demandando maior tempo e esforço físico. Ao chegar no ponto de ataque, houve erro na contagem da distância e acabei efetuando voltas, saindo da região por duas vezes. Somente na terceira tentativa consegui acertar o ataque e, assim, encontrar o prisma. Importante observar que na região do ponto existiam outros competidores, também em dificuldades. A experiência demonstra que em situações como esta é melhor seguir individualmente com suas próprias decisões. Geralmente, várias pessoas juntas em busca de um prisma significa abandono de técnicas.
O que deveria ter feito: seguir pela estrada até a cerca (a) após o ponto 17. Competidores que desceram para a região do ponto utilizando a cerca como corrimão tiveram menos dificuldade, pois a vegetação era menos densa. Ao chegar na área do ponto de ataque (b), escolher o local com atenção e efetuar a contagem da distância devagar, rumo ao prisma.

Foram 13' gastos até o primeiro ataque. As tentativas posteriores demandaram outros 10'. Pelo SplitsBrowser comprova-se que este ponto demandou menos de 15' para ser encontrado pelos mais rápidos.

Rota do Ponto 11 para o Ponto 12

O que planejei: seguir em azimute para a área de mata fechada, diminuir a velocidade conferindo a posição atual e atacar o ponto lentamente efetuando a contagem de passos.
O que fiz: como havia o encarneiramento com outros atletas da Elite, optei por seguí-los. Ocorre que o grupo tomou rumo equivocado, seguindo para o lado esquerdo. Depois que o grupo se desviou ainda mais à esquerda, me separei e retornei para o ponto de ataque inicial. De lá, busquei correção e encontrei a linha d'água que me levou ao ponto corretamente. Como resultado, encontrei o ponto antes do restante do grupo.
O que deveria ter feito: seguir em azimute e utilizar a linha d'água como ponto de ataque. Este ponto não apresentava dificuldade para ser atingido.
Foram gastos 3'09 até a localização à esquerda do ponto (observe o gráfico de velocidade abaixo do mapa). As tentativas posteriores demandaram outros 12'. Mais uma vez, ficou bem clara a importância de seguir suas próprias rotas e em bom estado de atenção.

Rota do Ponto 15 para o Ponto 16


O que planejei: seguir pelo curso d'água até a parte de vegetação mais clara e atacar o prisma.
O que fiz: outros competidores saíram "encarneirados", atravancando" a mata em azimute. Segui por alguns metros mas decidi voltar e utilizar a linha d'água como corrimão e utilizar o ponto 14 como ponto de checagem. Dali, azimutar para o ponto 16. Ocorre que o primeiro ponto de travessia do córrego se demonstrou difícil de ser vencido, sendo necessário voltar alguns metros e encontrar melhor passagem. Dali foi efetuada a devida contagem de passos e azimute rumo ao prisma.
O que deveria ter feito: incluir no planejamento o uso do ponto 4 como ponto de checagem.

Os demais pontos foram localizados sem maiores dificuldades. As rotas foram planejadas adequadamente e aplicadas as técnicas de orientação corretamente. Uma observação fica para a rota do ponto 17 para o ponto 18, pois o azimute foi desrespeitado e acabei caindo para a direita. O erro foi corrigido a tempo, mas se ocorresse em área mais acidentada ou de vegetação mais densa, provavelmente me traria mais dificuldades e perda de tempo.

Tempo do vencedor: 86 minutos
Tempo perdido nos pontos acima discutidos: 33 minutos
Distância aproximada percorrida a maior nos pontos acima discutidos: 1300m
Principais lições aprendidas nesta prova: confie na sua orientação!

E aí, conte aos leitores o que você achou desta prova e, também, da análise de rotas acima. Utilize o campo de comentários e faça suas ponderações.
Compartilhe com outros orientistas esta matéria e não se esqueça: o bom orientista exercita corpo e mente.

Boas rotas \o/
orientistaemrota


domingo, 13 de março de 2016

Análise de Rotas e álbum de fotos - I Etapa Campeonato Paraibano de Orientação.

Olá, estimados orientistas \o/

No dia 06 de março estivemos na I Etapa do Campeonato Paraibano de Orientação. A prova ocorreu próximo à Praia de Coqueirinho, no município de Conde-PB.
Como de praxe, foram mais de 400 competidores inscritos. A maioria deles do próprio estado da Paraíba e do Rio Grande do Norte. Pela proximidade geográfica, tanto o CPO quanto o CiPOr (Circuito Potiguar de Orientação) são excelentes e bem aproveitadas oportunidades para estes atletas praticarem a Orientação. E o convite é sempre estendido a todos os orientistas do Brasil. Assim como nós fizemos, mesclando a oportunidade de aprendizado e prática da modalidade com o turismo que a região oferece.
Esta etapa, além de abrir o calendário paraibano de 2016, foi o palco de homenagens às orientistas, em alusão ao Dia Internacional da Mulher. Uma linda festa, com participação de ícones da orientação feminina brasileira. 

Quanto à organização da etapa, são destaques positivos: a arena do evento (no condomínio Coqueirinho Privê), que ofereceu o conforto necessário pré e pós prova; a boa oferta de hidratação na pista de provas; a oferta de suco, água e frutas à vontade na arena;  e os boletins e informativos. Já os aspectos negativos que pontuamos são: a divergência de informações sobre o procedimento de largada e horários; e o posicionamento das frutas e hidratação, muito longe da linha de chegada.


Nossa ideia inicial era de efetuar um bom registro fotográfico e compartilhar com vocês. Mas o desgaste físico para completar o percurso (vejam a Análise de Rotas) frustrou os planos. Portanto,  ficará para uma próxima oportunidade fotografar os paraibanos em atividade. Mas temos um álbum de fotos com imagens da cerimônia de abertura e da pré-partida. Clique aqui e veja se você foi flagrado!

Aqui deixamos nossos agradecimentos a toda comunidade orientista que esteve presente nesta etapa, pela acolhida e bom tratamento. Fica nosso abraço especial ao Jeremias Queiroga, Waldson Estrela,  João Pedro, Copertino e todos aqueles com os quais conseguimos conversar.

O papo está bom, mas vamos à nossa análise de rotas, pois o bom orientista transforma cada percurso num capítulo da sua enciclopédia de vida!


Esta etapa é uma daquelas para se guardar na memória. O campo de provas foi desafiador, sem monotonia. Vegetação e relevo com boas variações. Sol forte. Percursos com bons traçados e boas opções de escolha de rotas. Pelo estilo da área, dificilmente seria possível manter o máximo de 20% de margem de desvio sobre a linha vermelha. Notem que em várias rotas o percentual de desvio foi acima de 100%, ou seja, mais que o dobro da distância em linha reta. Estimo que, não fossem os erros cometidos, terminaria a prova em 54' abaixo dos 153' gastos. A distância percorrida nos erros foi demasiada, causando, também, enorme desgaste físico e mental. Erro de interpretação de simbologia, briga com o mapa e ausência de respeito à vegetação diferenciada foram aspectos de importante influência nos destaques dessa análise.


A metodologia é a mesma adotada em todas as nossas análises. Buscamos responder a três perguntas básicas em cada rota destacada: "o que planejei?", "o que fiz?" e "como deveria ter feito?". Para visualizar em tamanho ampliado, basta clicar sobre a imagem escolhida.

Aqui o mapa da H21E:


 E aqui o mapa com meu (péssimo) percurso:


Em vermelho as partes do percurso nas quais minha velocidade foi acima dos 8' de pace (tempo gasto para percorrer 1 km). Em verde as partes onde consegui desenvolver boa velocidade.

Rota do Ponto 3 para o Ponto 4

O que planejei: seguir no azimute aproveitando as clareiras e áreas de mata aberta.
O que fiz: cometi um erro na saída do ponto 3, navegando por outra área de clareiras mais à esquerda da rota inicialmente planejada. Para corrigir, voltei à estrada para azimutar novamente pelo ponto 3.
O que deveria ter feito: atenção na saída do ponto e seguir conforme planejado inicialmente. Observem que a correção foi lenta e, por segurança, optei por voltar ao ponto 3. Foram praticamente 10' e 500m além do necessário.

Rota do Ponto 6 para o Ponto 7


O que planejei: contornar a plantação de bambu e efetuar a contagem das "ruas" para atacar o ponto.
O que fiz: segui conforme o planejado, atacando a partir da quinta "rua". Ao não atingir o ponto, percorri mais alguns metros e voltei, saindo da plantação pelo lado direito. Efetuei nova entrada sem atingir a distância necessária. Saí novamente pela estrada lateral, voltei à esquina e contei distância utilizando uma via lateral como ponto de ataque. Passei novamente do ponto mas a correção desta vez foi a contento.
O que deveria ter feito: atentar para a simbologia (área de cultivo com sentido definido) e efetuar a contagem de distância. A falta de referências não permitia outra ação que não a definição do ponto de ataque e a técnica de azimute e distância. Foram mais de 8' e 900m além do necessário. Há essa altura já havia, naturalmente, uma auto-avaliação extremamente negativa. Também, os 18' perdidos provavelmente incidiriam num esforço maior para recuperar posições.

Rota do Ponto 9 para o Ponto 10


O que planejei: sair do ponto 8 no azimute até a estrada. Efetuar contagem de passos para o ponto de ataque. Azimutar novamente efetuando a contagem de passos e fazer a aproximação lenta no ponto. Utilizar a próxima estrada como linha de segurança.
O que fiz: segui conforme o planejado, passando próximo ao ponto. Dessa vez a atenção e os princípios básicos foram respeitados, mas ainda assim foi necessário sair e buscar novo ponto de ataque.
Como deveria ter feito: o planejamento inicial estava adequado. Outra possibilidade seria seguir direto para o ponto de água após o ponto e de lá efetuar o azimute. Foram 4' e 200m aproximados de perda.

Rota do Ponto 12 para o Ponto 13


O que planejei: seguir pelas estradas até o barranco nas proximidades do ponto 13. Utilizar o barranco como ponto de ataque e azimutar contando a distância. Utilizar a orientação fina na região pedregosa do ponto.
O que fiz: segui conforme planejado até o barranco, mas efetuei o azimute de maneira despretenciosa. A área é de grande inclinação. Ao chegar na região pedregosa e não encontrar o ponto, passei a efetuar uma varredura sem muita precisão, até voltar novamente ao ponto de ataque inicial, atacar com desvio proposital para o lado esquerdo e, com mais concentração, encontrar o ponto.
O que deveria ter feito: com mais confiança, deveria ter feito uma rota mais próxima à linha vermelha, já que as dificuldades da progressão pela área cultivada já era de meu conhecimento. O ponto de ataque era o definido no planejamento inicial. Acima do ponto 17 havia um ótimo corredor na vegetação que tornaria muito fácil a progressão, bastando pegar a estrada ao seu final e seguir pela esquerda. Provavelmente a fadiga e a falta de confiança ofuscaram a possibilidade de enxergar esta excelente alternativa. Foram 22' e mais de 1600m gastos para encontrar o ponto. Aproximadamente 15' acima do melhor tempo para esta rota. 

Rota do Ponto 18 para o Ponto 19


O que planejei: seguir pela estrada e atacar pela entrada da vegetação que permitia progressão.
O que fiz: segui conforme o planejado, mas ataquei o ponto algumas dezenas de metros antes do correto. Para corrigir, segui até a estrada para confirmar o ponto de entrada.
O que deveria ter feito: contagem da distância e utilizar a clareira à esquerda da estrada como ponto de checagem. 

Os resultados, disponíveis no sítio Helga-O permitem, ainda, avaliar os tempos parciais. Abaixo o gráfico do SplitsBrowser com meu tempo e dos três primeiros. Notem que logo no início (ponto 4) já perdi posições e a recuperação seria possível, caso não perdesse tempo nos demais pontos (o que, infelizmente, não ocorreu).

Os pontos 4, 7, 8 e 13 foram os determinantes para este tempo tão alto.
Tempo do vencedor: 88'
Meu tempo: 153'
Distância total percorrida: 14km
Distância estimada sem os erros e conforme planejamentos das rotas: 11km

Principais lições desta análise: não subestime uma corrida de orientação; não discuta com o mapa; mantenha a concentração enquanto estiver na pista; diminua a velocidade ao chegar no ponto de ataque escolhido; e nunca deixe de fazer contagem de passos.

Nosso próximo desafio será a I Etapa do Campeonato de Orientação do DF, também num mapa H21E.

Tem alguma crítica ou comentário sobre esta análise e sobre a etapa do CPO? Utilize o campo de comentários abaixo, e nos ajude a melhorar nossos textos.

Boas rotas \o/
orientistaemrota





sexta-feira, 4 de março de 2016

Análise de rotas e álbum de fotos - I Etapa Campeonato Goiano de Orientação

Olá, estimados orientistas!

Ano esportivo começando com força total em todo o país. E nós não ficamos de fora. Já participamos da I Etapa do Campeonato Goiano de Orientação, ocorrida na cidade de Cristalina-GO no dia 21 de fevereiro último passado.

O evento foi organizado pelo clube COSEC e, como de praxe, contou com considerável número de competidores do DF. Tudo correu bem, com exceção de uma falha na distribuição dos mapas para a categoria H21E. Equivocadamente alguns competidores fizeram uso de mapas reservas os quais estavam em desacordo com as sinaléticas ou com os prismas dispostos na pista. A arbitragem, ao ser informada, agiu rapidamente minimizando os prejuízos decorrentes dessa falha.
A área escolhida apresentou detalhes que tornaram a competição bastante desafiadora, tanto na parte técnica quanto na parte física, além de proporcionar belas paisagens para os atletas. As amenidades, como hidratação na pista de provas e as frutas e água na linha de chegada atenderam adequadamente a todos os participantes.
Após a competição, houve oferta de almoço e a cerimônia de premiação. Assim como em outros estados, no CamGOr há premiação por etapa.
Fica aqui nosso agradecimento a toda equipe do COSEC pela acolhida. Esperamos participar dos próximos eventos do torneio goiano.
Fizemos algumas dezenas de fotos que estão disponíveis aqui em nosso álbum. Clique aqui.
O resultado final pode ser consultado clicando aqui.

Vamos tratar agora da nossa análise de rota. O mapa abaixo é o da categoria H21E:


Aqui a versão com minhas escolhas:


Para esta análise, utilizei o Quick Route, e você leitor perceberá que vamos utilizar mais algumas ferramentas que o programa oferece. Observem o quadro à direita do mapa, com os tempos parciais, e o gráfico abaixo do mapa, com as velocidades por tempo de prova:


Minha meta continua sendo atingir um pace (tempo em minutos necessário para percorrer 1 km) médio de 7 min/km numa distância de até 20% acima da distância em linha reta descrita no mapa. Como podem ver, este percurso possuía 7,2 km. Então, meu limite seria percorrer no máximo 8,64 km. Considerando, portanto, o pace de 7 min/km, o tempo total de prova seria de 60,5 minutos.
Ocorre que a distância real percorrida foi de 8,87 km, com um pace médio de 8'51 min/km. O tempo total foi de 1h18min. A distância a maior ficou próxima do limite pré estabelecido, mas a velocidade ficou aquém do esperado. O gráfico abaixo demonstra que passei mais de 30 minutos em velocidade extremamente baixa (praticamente caminhando):


As razões para este desempenho veremos a seguir. Lembramos que a metodologia será aquela que temos aplicado nas análises de rotas anteriores. Ou seja, serão apresentados os trechos mais influentes no resultado descrevendo o que planejei, o que fiz e como deveria ter feito.
Uma peculiaridade foi que houve um equívoco da organização e meu primeiro mapa não estava de acordo com a sinalética, nem o ponto 1 marcado no mapa estava de acordo com o prisma encontrado (o número do prisma diferia do número descrito no mapa). Após 13 minutos e percorridos 1,29 km, tive a certeza de que o mapa estava errado. Retornei à largada e o árbitro da prova tomou as providências para correção do equívoco.
Mais um detalhe a observar é que a rota demarcada no mapa vai das cores verde (mais rápido) ao vermelho (mais lento). Montamos esta escala para que seja fácil visualizar quando atingi uma velocidade baixa (caminhando ou parado está na cor vermelha).
Vamos à análise!

Rota do ponto 1 para o ponto 2:



O que planejei: seguir pela curva de nível e desviar do charco conforme a letra (a). Depois, continuar navegando o mais próximo da linha vermelha utilizando a cerca (b) como ponto de checagem. Depois seguir pelo branco até a vegetação e córrego, estes sendo o segundo ponto de checagem. Continuar navegando rumo ao riacho tendo a área branca como próximo ponto de checagem. Terminando numa orientação fina após sair da área branca e se aproximar do ponto 2. 
O que fiz: Segui conforme o planejado até o primeiro ponto de checagem (b). Ocorre que faltou confiança quanto à posição exata e acabei seguindo pela esquerda para confirmar. Isso me fez percorrer uma distância maior, mas ainda em boa velocidade, pelos locais (c) e (d). Chegando em (d), o relevo era de progressão muito lenta, demandando mais tempo até chegar na área branca. A partir daí, tentei obter maior velocidade mas ficando próximo à linha vermelha. O último charco da rota estava seco, mas a travessia do córrego demandou tempo. Também demandou tempo a orientação fina para localizar o prisma. 
O que deveria ter feito: A falta de confiança ao chegar no primeiro ponto de checagem me fez percorrer uma distância maior. Isso acabou por refletir, também, na travessia da vegetação no local (d), pois diminuí a velocidade de forma a recuperar a segurança na continuidade na navegação. Uma alternativa interessante e feita por um dos outros competidores foi seguir para o local (e) e utilizar a linha aérea de alta tensão como corrimão até as proximidades do ponto 2.
Nesta rota 1-2 a distância era de 1286m na linha vermelha. Percorri 1547m em 12'43". Um desvio de 20,3%. O pace médio foi de 9'54".

Observem no gráfico abaixo que fiquei muito tempo da rota em uma velocidade baixa (partes amarela e vermelha):

Para entender melhor este gráfico da velocidade, observem que do ponto 2 para o ponto 3 a rota traçada, que era bastante simples e não exigiu muita navegação resultou numa boa velocidade atingida (maior parte do gráfico permanece com a cor verde):


Rota do ponto 4 para o ponto 5:


O que planejei: seguir no azimute até a área verde e contorná-la pela borda à esquerda, iniciando uma orientação fina até encontrar o ponto.
O que fiz: segui conforme o planejado até a área verde. Ocorre que a navegação fina falhou e passei próximo ao ponto, sem contudo encontrar o prisma. Utilizei o ponto 15 como barreira de segurança e, de lá, retornei lentamente no azimute, encontrando finalmente o prisma 5.
O que deveria ter feito: infelizmente minha orientação fina falhou, passando próximo ao ponto. A decisão de ir até o ponto 15 considero acertada, pois me ajudou a atacar o ponto 5 com segurança. Daí a importância do orientista sempre colocar em suas rotas uma barreira de segurança (aquele local que você utiliza como uma espécie de anteparo). Uma ótima opção seria ter utilizado o x verde e a árvore em destaque (a) como pontos de ataque.

Neste caso, percorri 447m, 60,6% a mais que a linha vermelha (278m). A velocidade acabou sendo bastante baixa. Esta rota, caso localizasse o prisma na primeira tentativa, ou utilizando o (a) como ponto de ataque, provavelmente seria feita em 2', ao contrário dos 4'50"gastos.

Rota do ponto 8 para o ponto 9:


O que planejei: margear o córrego para encontrar a estrada que leva ao (a). Ou seja, equivocadamente estava seguindo rumo ao ponto 10.
O que fiz: segui conforme o planejado, percebendo o erro antes de chegar à estrada. A partir daí, segui lentamente em direção ao ponto 9, corrigindo a rota. A vegetação e o relevo eram de progressão lenta. As três árvores de destaque serviram como barreira de proteção e ponto de ataque.
O que deveria ter feito: seguir pela curva de nível entre a vegetação de difícil progressão e a área de charco, utilizando um dos muitos pontos de ataque próximos ao ponto 9.

Um erro clássico de falta de concentração, mas que foi corrigido a tempo. Houve um desvio de quase 70% em relação à linha vermelha. Seguindo direto para o prisma, no azimute, provavelmente o tempo gasto ficaria em torno de 2'.

Rota do ponto 12 para o ponto 13:

O que planejei: corrida livre até a linha aérea, a ser utilizada como barreira de segurança e ponto de ataque. Atacar o ponto pelo lado direito da linha d'água.
O que fiz: segui até a linha aérea conforme o planejado. Ataquei o ponto mas sem efetuar a contagem de passos. Pelo lado direito não visualizei o prisma. Continuei descendo, mas alternando para o lado esquerdo. Parei somente ao constatar que já estava longe demais, nas proximidades de uma área branca. Retornei alternando novamente o lado. Notem que fiz praticamente um "8" descendo e subindo pela linha d'água.
O que deveria ter feito: seguir conforme planejado até a linha aérea. Depois, atacar o ponto com maior atenção e efetuando a devida contagem de passos.

Foram quase 400m percorridos desnecessariamente. Pelo gráfico abaixo é fácil perceber que o tempo desperdiçado beirou os 5', pois passei por ele às 11:11 e só encontrei efetivamente o prisma após as 11:15.

Rota do ponto 13 para o ponto 14:


O que planejei: seguir pela linha vermelha, atravessando o aceiro que divide a área branca. Atacar o ponto pela direita ao chegar em (a). Utilizar o penhasco rochoso como barreira de segurança e para facilitar a orientação fina.
O que fiz: segui conforme planejado até chegar no penhasco. Ocorre que o prisma não foi encontrado e continuei descendo pela parte rochosa. Ao perceber que me afastava muito do local, e por haver várias pessoas procurando o mesmo prisma, saí pela direita rumo à área branca. Utilizei a localização (b) para atacar novamente o ponto, obtendo êxito.
O que deveria ter feito: o planejamento foi adequado. Uma forma diferente seria atravessar completamente a área do penhasco e atacar o ponto pela saída. Dessa forma, a correção seria mais rápida e eu não perderia os quase 5' no lento deslocamento pelas pedras e vegetação de difícil transposição.

Pelo gráfico do Quick Route, este foi o pior trecho percorrido. Com 95% de distância além dos 284m da linha vermelha. A perda de tempo em trechos cuja orientação fina é preponderante acaba por refletir em trechos simples da prova, já que a ânsia por tentar recuperar tempo (aumentando a velocidade) pode promover maior desgaste energético e a não observância de princípios básicos da Corrida de Orientação (contagem de passos, azimute, definição de pontos de ataque etc.).


Rota do ponto 16 para o ponto 17:

O que planejei: seguir o mais próximo possível da linha vermelha, desviando da área de vegetação de difícil progressão e utilizando os dois córregos como pontos de checagem.
O que fiz: segui conforme planejado até o primeiro curso d'água. Ocorre que a depressão era profunda e tive que buscar um melhor local para a travessia. Isso demandou tempo e uma breve mudança na rota.
O que deveria ter feito: a outra opção seria, ao me deparar com o curso d'água, buscar a passagem pela esquerda.




Tempo total da prova: 78 minutos.
Distância total percorrida: 8700m.
Total de distância percorrida nos erros apontados: aproximadamente 700m.
Tempo total gasto nos erros apontados: aproximadamente 12 minutos.
Tempo do vencedor da prova: 64 minutos.

Esta pista, sem erros, seria facilmente completada abaixo dos 60 minutos.
Principal lição desta análise: redobre a atenção quando nas proximidades do prisma, para que sua orientação fina seja eficaz. E jamais abandone a contagem de passos!

E você? Utilize o campo para comentários abaixo e conte a todos o que achou dessa análise.  É importante sabermos se estamos na rota certa quanto às formas de ajudar a comunidade orientista a melhorar suas habilidades técnicas. Compartilhe com seus amigos e fique ligado aqui em nosso site e nas redes sociais.

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