Olá, estimados orientistas.
O Brasil participou do World Masters Orienteering Championships 2017 com uma delegação composta por 11 competidores. O evento ocorre anualmente e a cada quatro anos integra as modalidades disputadas na Olimpíada de Masteres, que é o World Masters Games - WMG. Dessa vez a competição ocorreu em Auckland, Nova Zelândia.
No total, foram mais de 2500 orientistas divididos nas categorias acima de 35 anos. Como de praxe, o WMOC2017 foi dividido em duas disputas principais: a orientação sprint e a orientação tradicional.
As disputas e o treino sprint foram realizados nos campus da Universidade de Auckland e da Massey University. Já as disputas de orientação tradicional e o respectivo treino foram realizados na Woodhill Forest, distante aproximadamente 2h de Auckland. Nessa mesma floresta foram realizadas as competições de mountain bike do WMG2017.
Com uma organização impecável, Auckland estava totalmente envolvida nos jogos. Afinal, a cidade recebera durante o WMG mais de 25 mil competidores nessa que foi considerada a melhor olimpíada de masteres da história. Também contribuíram para nosso bem-estar os mais de 3500 voluntários.
O clima festivo, a disponibilidade dos moradores da região, o apoio de autoridades públicas, imprensa, tudo isso foi fundamental para a aclimatação e a sensação de grandiosidade transmitida pelo evento. Tivemos acesso a todos os jogos, embora os horários não nos fossem tão favoráveis, e a vários atrativos turísticos. Também nossa credencial deu direito ao uso de todo o sistema público de transporte de Auckland e aos esquemas exclusivos de transporte para os portadores dos pacotes Silver e Gold.
A cerimônia de abertura do WMG2017 foi um espetáculo emocionante e extremamente belo. Atletas de todas as modalidades dos jogos estavam presentes e fizeram uma festa inesquecível. Luzes, sons, homenagens maori (equivalentes aos nossos povos indígenas), danças e a clara mensagem de que nós, os competidores, iríamos fazer parte da história do WMG.
O desempenho dos brasileiros foi satisfatório. Entretanto, não conseguimos emplacar nenhum competidor nas respectivas finais A.
Apesar dos resultados aparentemente ruins, a experiência foi extremamente positiva. Mesmo para aqueles que já participaram de vários eventos no exterior, foi uníssona a afirmação de que o maior ganho foi no aprendizado. Tanto nos mapas extremamente complexos da parte de sprint, quanto na navegação em curvas de nível de 2,5m numa floresta desafiadora.
Outro aspecto relevante foi que dessa vez estávamos uniformizados com as cores do Brasil. Com o intermédio da CBO, foi dado um passo importante para reforçar positivamente a imagem de nosso país nos grandes eventos de orientação.
Voltando à questão do aprendizado, alguns aspectos merecem destaque.
Na prova qualificatória do sprint, as categorias masculinas M35 a M55 e as femininas W35 e W40 tiveram um mapa em duas partes, impresso em folha A4. Ou seja, ao invés de trocar de mapa em ponto específico, bastava ao atleta utilizar o verso da folha conforme sua progressão no percurso.
Na largada, os mapas estavam com o lado 2 para cima. Então, ao iniciar, o orientista deveria virar a impressão para o lado 1, percorrer todos os seus pontos e ao chegar no último prisma (no exemplo acima, o ponto 13) passar a fazer a leitura do verso do mapa (lado 2). O ponto 13 passou a ser, portanto, o triângulo do lado 2. Se acharam complicado entender, imaginem "aprender" isso durante a prova, na pressão da qualificatória! Ainda bem que tudo estava devidamente explicado no Boletim oficial do WMOC2017.
Já nas provas longas, chamou a atenção o tipo de terreno. a Woodhill Forest apresenta um relevo com grande quantidade de elevações variando de 1 a 4 metros de altura, misturadas ao sobe e desce da altimetria da região. Observem que os mapas foram confeccionados em curvas de nível de 2,5m de equidistância. Contagem de passos e azimute tornaram muito mais exigente o desenvolvimento das rotas pretendidas. Além disso, aumentaram o desafio a bela variação de pernadas curtas, longas e de alternâncias de direção.
Todos os mapas dos percursos longos foram confeccionados em papel tamanho A3, e os mapas do sprint em tamanho A4. Também algumas categorias tiveram mapa impresso frente e verso na Final A da disputa tradicional.
Quem quiser saber mais sobre nossa passagem por este WMG e WMOC 2017 pode fazê-lo acessando orientistaemrota no youtube, facebook e no instagram. Nesses canais você encontra alguns vídeos e fotos cuja publicação intencionou mostrar a todos o quão valoroso é participar de um grande evento desportivo.
Todos os mapas (foram 2 treinos e 5 percursos oficiais) e os resultados de cada uma das provas você pode acessar
clicando aqui.
Os bravos participantes do nosso Brasil são os listados abaixo:
Antonio Carlos Silva - M40
Cristine Medeiros Antunes - W45
Elaine Cássia Cardoso - W50
Gilson Faria - M60
Gledy Medeiros Antunes - W70
Jorge Madureira Barreto - M45
Roberto da Silva Alves - M50
Roberto Dias Torres - M65
Rosa Maria Saunitti - W50
Sergio Brito - M55
Valentim Antunes - M75
Muita tecnologia foi observada nesta competição.
A foto da esquerda mostra apenas uma das várias telas que mostravam os tempos reais das pernadas dos atletas que estavam na pista, E todas as arenas durante as provas havia essa estrutura.
Várias bases de rádio estavam espalhadas na floresta, tornando muito interessante acompanhar as disputas.
E nos treinos, os percursos foram realizados com o uso do SiCard. Uma forma inclusive de aumentar a segurança dos atletas.
Devido à quantidade de prismas em algumas categorias, a organização somente permitiu a utilização de SiCards que tinham capacidade para mais de 30 registros.
Também foi notada a presença de uma equipe da WADA (em tradução livre: Agência Mundial Anti-dopagem) realizando exames de dopagem por amostragem em uma das qualificatórias do percurso longo.
Ah, se você está interessado em participar do próximo WMOC, que ocorrerá em julho de 2018, na Dinamarca, ou do próximo WMG, que ocorrerá em 2021, no Japão, deixe aqui seu comentário ou mande um email. Vamos aumentar a participação brasileira lá fora!
Aproveite também a campanha Vá Junto!, da CBO. Ainda dá tempo de concorrer a uma viagem à Polônia, para acompanhar a delegação brasileira e percorrer algumas pistas.
Nos próximos dias, pretendo disponibilizar aqui no blog análises de rota das pistas do WMOC2017 e um vídeo completo da qualificatória sprint,
Compartilhar as experiências orientistas vivenciadas aqui e lá fora é uma das melhores formas de ajudar a nos tornarmos uma potência no mundo da Orientação.
Boas rotas \o/
orientistaemrota