sábado, 18 de junho de 2016

CamBOr 2016 Itamar Torrezam - dia 1

Olá, estimados orientistas.

Foi dada a partida para a II Etapa do Campeonato Brasileiro de Orientação Itamar Torrezam, o CamBOr 2016.

O evento tem como sede o município de Rio Quente, em Goiás. Conta com o apoio de autoridades locais e do Rio Quente Resorts. Inclusive, foi no Rio Quente Resorts que ocorreram as atividades do Revezamento por Trios e do Sprint Noturno.

Quanto ao Revezamento, o mapa foi em escala 1:4000 na simbologia ISSOM. Bastante detalhada, a carta exigiu extrema concentração dos participantes, inclusive quanto ao respeito às cercas intransponíveis. Alguns competidores foram desclassificados por este motivo. No geral, a Organização está de parabéns pelo local escolhido e pela execução desta primeira atividade competitiva.

Os resultados do Revezamento por trios estão disponíveis aqui.

Já o Sprint noturno foi uma atividade lúdica, sem caráter competitivo, mas com ressalvas. Alguns orientistas reclamaram da baixíssima luminosidade (!) e de algumas passagens descritas no mapa, mas fechadas pela administração do parque. Entretanto, a grande maioria se divertiu bastante ao testar suas habilidades percorrendo os intrincados espaços da famosa Praia do Cerrado. Também foi positivamente surpreendente a quantidade de participantes. Isso demonstra o grau de crescimento da nossa modalidade e a capacidade da organização em atrair os orientistas para uma atividade extra-CamBOr.

Agora, os orientistas voltam suas atenções para os percursos Longo e Médio.

Acompanhe por aqui e em nossos canais no Facebook, Instagram, Tweeter e no Google+ a cobertura da II Etapa do CamBOr 2016.

O álbum de fotos deste primeiro dia está disponível aqui. Veja se você foi clicado.

Boas rotas \o/
orientistaemrota

quarta-feira, 15 de junho de 2016

CODF 2016 III Etapa - Análise de Rotas e fotos

Olá, estimados orientistas.


No dia 12 de junho ocorreu a III Etapa do Campeonato de Orientação do DF, o CODF 2016. Dessa vez a prova foi sediada na Fazenda Ema, situada no município de Luziânia-GO. A organização do evento ficou por conta do Clube de Orientação Tiradentes, o COTi.

Para esta prova, elaborei e enviei à organização um Plano de Resposta a Emergências. Ficou a critério sua adoção. O documento pode servir de guia para outras provas no Brasil. Caso algum leitor queira auxílio na gestão de riscos em um evento de Orientação, entre em contato em um dos nossos canais, ou no email orientistaemrota@gmail.com.

A área escolhida para esta etapa apresentava aproximadamente 50% de reflorestamento de eucalipto, 40% de cerrado desmatado e 10% de cerrado nativo. Boa parte do terreno era cortada por ravinas e valas que tornaram o desafio ainda mais interessante. Foi preciso muita atenção para não se perder nos acidentes geográficos nos percursos de grau A ou E.
Os primeiros colocados da categoria Homens Elite foram, respectivamente, José Blanco (1:04), André Pivoto (1:06) e Roberto Carrijo (1:07). Já na Damas Elite, as primeiras colocadas foram, em sequência, Michelle Caldas (1:45), Lidiane Gomes (2:15) e Karen Cristine (2:19).

Vamos à Análise de Rotas:

O mapa é da categoria H21E. Lembrando que meu objetivo é terminar uma prova de Orientação com um acréscimo de, no máximo, 20% além da distância da linha reta, num pace (tempo para percorrer um quilômetro) de 7'/km.
A distância em linha reta da categoria H21E foi de 7,9km. Terminei na quarta colocação com o tempo de 1h10' e 9,65km percorridos. O primeiro colocado levou 1h4'. Portanto, meu pace médio foi de 7,25'/km. Quase dentro da velocidade que considero ideal para que um orientista amador vença uma prova E ou A. A variação de distância também foi um pouco maior que os 20% da meta. Mas poderia ter sido bem menor, inclusive por conta das características da vegetação, conforme explicado anteriormente.

Para cada rota analisada intenciono responder às seguintes perguntas: o que planejei? O que fiz? e O que deveria ter feito?

Nos gráficos das rotas, quanto mais vermelho, menor minha velocidade. As tabelas ao lado direito nas figuras indicam, entre outros, o percentual de distância além do mínimo necessário para se alcançar determinado ponto.

Abaixo o mapa com minhas escolhas (clique para baixar):


De imediato já é possível perceber que tive dificuldade em três rotas específicas: do triângulo para o ponto 1, do ponto 6 para o ponto 7 e do ponto 12 para o ponto 13. As demais rotas foram executadas conforme o planejado e com respectivos tempos adequados.

Rota para o ponto 1



O que planejei: a partir do triângulo, seguir em azimute para a vala, indo de encontro à árvore de destaque.
O que fiz: segui conforme o planejado margeando a vala. Ao não encontrar o ponto, continuei descendo no mesmo sentido da vala, parando nas proximidades da linha de alta tensão. Ao perceber o erro, retornei margeando a vala pelo seu lado direito. Observei a árvore de destaque e, não encontrando o prisma, retornei até o início da vala. Somente neste momento percebi que efetuei uma leitura equivocada do mapa e da sinalética, pois o ponto estava no interior da vala. Corrigi o erro de leitura e encontrei o ponto.
O que deveria ter feito: leitura adequada do mapa e da sinalética. Utilizar a árvore de destaque como ponto de ataque e, de lá, chegar ao ponto 1.

Foram percorridos mais de 400m além do necesssário para encontrar o ponto 1. Na ocasião, desperdicei 4' e fui alcançado pelo concorrente que largou 5' após minha partida. Portanto, desde este ponto seguimos em perseguição até o ponto 15, quando consegui me distanciar e diminuir para 3' o prejuízo para este competidor. No jargão do orientista, quando dois ou mais competidores da mesma categoria correm juntos, diz-se que eles estão "encarneirados".

Rota do ponto 6 para o ponto 7:


O que planejei: aproveitar as curvas de nível, passando pela primeira ravina e descer em direção ao ponto a partir da segunda ravina, a qual foi planejada como sendo meu ponto de ataque.
O que fiz: segui conforme o planejado, mas ao reduzir a velocidade já após o ponto de ataque, não encontrei o ponto e optei por seguir meu oponente. A partir daí questionei meu planejamento e acreditei estar na ravina adequada, mas em dúvida se na altura coerente. Passei a seguir o oponente o qual percebeu uma colina como ponto de ataque. Daí fizemos uma orientação fina até encontrar o ponto, que estava posicionado dentro da fenda na ravina.
O que deveria ter feito: seguir conforme o planejado mas acrescentando a pequena colina como margem de segurança. Não abandonar a contagem de distância e direção em detrimento de seguir o oponente.

Foram desperdiçados aproximadamente 5' em uma distância desnecessária de mais de 370m.

Rota do ponto 12 para o ponto 13


O que planejei: seguir em azimute até o ponto 13, sem perder o contato visual com o oponente.
O que fiz: segui conforme o planejado. Como o oponente tomou a ravina mais à direita, fiz o mesmo percurso. Para corrigir, subi parte da ravina e voltei para um ponto da rota inicial. Depois, desci até perceber que o oponente havia encontrado o ponto 13.
O que deveria ter feito: seguir em azimute para o ponto 13, ignorando a rota equivocada tomada pelo oponente.

Percorri, além do necessário, aproximadamente 270m em 3'. Somando os três erros, foram mais de 1000m e 12' gastos inadequadamente.

Lições aprendidas: mesmo em situações de encarneiramento, é necessário manter a concentração para  não abandonar as técnicas primordiais de azimute e contagem de distância. Vale, ainda, observar que os primeiros metros de prova podem servir para ampliar o foco e a concentração.

E você? O que achou desta análise?
Não deixe de comentar. Sua participação é importante para ampliar o conhecimento da comunidade orientista.
Clicando aqui você acessa nosso álbum de fotos desta III Etapa. Veja se foi clicado.
Também não deixe de visitar o álbum de fotos do atleta André Pivoto, disponível aqui.

Boas rotas \o/
orientistaemrota

domingo, 5 de junho de 2016

Gerenciando perigos e riscos numa prova de Orientação

Olá, estimados orientistas.

Nossa última conversa abordou um tema muito delicado, mas que carece de mais atenção por parte da comunidade orientista brasileira. E o título do bate papo de hoje, apesar de chocante para alguns, me parece bem apropriado. Vamos orientar nosso mapa, então?

As provas de Orientação são realizadas em ambientes urbanos ou rurais. E cada um desses ambientes apresenta seus perigos e riscos.

Em defesa do esporte, algumas pessoas com as quais conversei acham que não é benéfico listar os perigos e riscos que podemos encontrar numa prova de Orientação. Para eles, isso poderia diminuir o interesse pela modalidade criando uma imagem que reduziria o entusiasmo dos atuais e futuros orientistas.

Entretanto, acredito numa outra linha de raciocínio. Todo esporte outdoor traz seus perigos e riscos. Seja no ciclismo, seja numa corrida cross country, numa prova de canoagem, vôlei de praia (sim, areia nos olhos ou torções de tornozelo acontecem!) ou qualquer outra modalidade na qual o competidor tem que promover grandes movimentos. O enxadrista ou o jogador de poker possuem uma exposição menor a perigos e riscos decorrentes da prática de suas respectivas modalidades. Mas nós, orientistas, gostamos do contato com a natureza. Gostamos de decifrar o mapa. Gostamos de poder escolher nossas próprias rotas. E gostamos, claro, de estar inteiramente bem no final de uma prova para discutir as estratégias, os erros e acertos com os demais orientistas e familiares.

Ao identificar os principais perigos e avaliar os riscos provenientes de suas consequencias, em termos de probabilidade e severidade, estamos tratando de tornar mais segura a prática da corrida de Orientação. No caso específico da nossa modalidade, eu, como competidor, me sentirei mais seguro caso a organização marque no mapa uma região onde há grande incidência de urtigas (veja um exemplo aqui). Poderei traçar uma rota que não irá me expor às queimaduras que este vegetal provoca.
Mapa com indicação de perigo para regiões com urtigas. Copane 2015.
Uma região com incidência de cercas eletrificadas deve ser conhecida e cabe à organização assegurar que o equipamento está desativado, antes de liberar a área para a competição. Se há uma parte da área cuja travessia é próxima a grandes acidentes topográficos, a colocação de um balizamento é uma iniciativa benéfica que vai diminuir a probabilidade de que algum atleta se exponha desnecessariamente aos riscos de enfrentar o relevo desfavorável. Se desconhecemos o grau de pureza de uma fonte de água bruta,  vamos nos certificar de que os pontos de hidratação ofertem somente água de procedência conhecida e adequada para nossos competidores.

A tabela abaixo é um exemplo de exercício para identificar perigos e riscos em provas tipo Sprint e tipo Tradicional, com base meramente em minha parca experiência como orientista (para facilitar o entendimento dos leigos, alguns conceitos podem estar em desacordo com a atual literatura sobre o tema):


Mas depois de identificados estes tais perigos e riscos, o que devemos fazer?

Ora, depois de conhecer melhor os aspectos que oferecem condições danosas aos competidores e ao próprio pessoal da organização (os mapeadores e os montadores de percurso são, provavelmente, os membros das equipes  mais expostos aos riscos), é hora de avaliar a ocorrência em termos de probabilidade e severidade. Depois disso, adotar a estratégia de: 1) aceitar perigos e riscos tal qual eles se apresentam; 2) eliminar as fontes de perigos e riscos; 3) isolar os perigos e riscos; ou 4) mitigar (atenuar, reduzir) os riscos. Todo este processo pode ser chamado de Gestão de Riscos.

Notem que em muitos desses perigos identificados e riscos avaliados, a principal estratégia será a mitigação ou o isolamento. Definição da área da prova, uso de rotas balizadas, demarcação de áreas de passagem proibida ou perigosas, traçados dos percursos, avaliação do grau de conhecimento técnico dos orientistas, melhorar os cursos de formação, ampliar a oferta de treinamentos específicos para praticantes, uso de melhores calçados, uso de protetores oculares, aquisição de apitos, utilização de áreas balizadas para novatos, inclusão de pontos de resgate em pontos estratégicos da área de competição (não apenas na linha de chegada), adoção de briefing pré-provas, equipes da organização dotadas de rádios-comunicadores... estes são alguns exemplos de atitudes que podem diminuir a probabilidade de que um acidente ocorra ou, caso ocorra, que sejam menos severas as consequências ao competidor.
Mapa com equipe avançada de resgate (cruz vermelha). WMOC 2012.
Então, amigos orientistas, proponho que seja adotada a prática de identificar os perigos e avaliar os riscos existentes em todas as atividades da nossa modalidade. Conhecendo esses aspectos, tanto a organização responsável, quanto os próprios atletas terão melhores condições de implantar barreiras adequadas para diminuir ao máximo a exposição aos riscos avaliados.

Não deixe de comentar este pequeno artigo. Participe e ajude a comunidade orientista a tornar mais seguras nossas competições e nosso esporte.


Boas rotas \o/
orientistaemrota