quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Campeonatos virtuais de Orientação

 Olá, estimados orientistas.

Durante a pandemia da Covid19 várias modalidades desportivas tiveram que promover adaptações em seus cenários para proporcionar aos seus praticantes alguma forma de manutenção das partes física e mental em estado adequado.

Diretamente falando da corrida de Orientação, ao redor do mundo foram criadas várias competições com o objetivo de avaliar a capacidade técnica dos orientistas por meio de testes de raciocínio. A maior parte envolvendo a leitura de mapas, identificação de características no terreno e simbologia. Provas virtuais de TrailO (no Brasil adotamos a nomenclatura Pre-O - Orientação de Precisão) foram uma das melhores oportunidades de manter e aprimorar a técnica necessária ao esporte.

A maior competição foi o Lockdown Orienteering, que movimentou grandes nomes do esporte, inclusive lendas e campeões da atualidade na Europa. Outro torneio muito disputado e acompanhado por vários orientistas foi a TORUS. Ambas competições também provocaram a IOF a pensar em formas de lidar com a Orientação Virtual após a pandemia. O termo e-Orienteering já está presente nas discussões da IOF sobre o futuro do esporte.

Aqui no Brasil tivemos a realização de dois grandes eventos chancelados pela CBO (e que foram acompanhados de perto pela IOF): o CamBOr Virtual e o SAOC Virtual. Também foram organizados o CamBOS Virtual e provas específicas organizadas por entidades ligadas às Federações e Clubes. Duas delas foram a UFRJ e o Azimute Norte (CEFET-MG).

O CamBOr foi realizado em 5 etapas e teve público médio de 450 participantes por etapa. Já o SAOC contou com pouco mais de 280 participantes. Todas essas provas tinham orientistas estrangeiros competindo conosco. Os resultados e os desafios propostos estão todos disponíveis no sítio eletrônico da CBO.

Acredito que este 2020 está realmente sendo uma pausa interessante em termos de aquisição de conhecimentos e melhoria técnica para nossa modalidade. Também conseguimos ganhar novos adeptos, pois a atividade intelectual da Orientação é tão chamativa quanto o tabuleiro de xadrez.

Outro aspecto interessante foi o desenvolvimento ou a melhora significativa nos aplicativos de corrida de Orientação e no uso dos jogos Catching Features e Virtual-O.

A expectativa agora é para colocarmos em prática tudo o que foi absorvido nessas competições, assim que tivermos condições sanitárias adequadas. Em alguns estados e municípios isso já é possível. Cabe apenas a ressalva de que, infelizmente, alguns países estão enfrentando segundas ondas de contaminação pelo SARS-Cov-2.


Ah, até o momento já realizamos 53 Lives dos Orientistas. Um projeto que começou sem pretensões no início da pandemia, mas que se tornou um exemplo bem bacana de como ajudar a manter a orientação viva em cada um de nós. Aproveite e passe lá no canal www.youtube.com/orientistaemrota . Tem muita coisa bacana em cada uma das lives. Desde resenhas das provas, entrevistas com atletas de alto nível até cerimônias de abertura e premiação dos torneios.

Boas rotas \o/

Seja inteligente! Pratique a corrida de Orientação.

domingo, 4 de outubro de 2020

Orientação é fácil

Por:

ROBERTO ALVES

CBO 2612 – FODF – COTi – H50A

 


Orientação é fácil de implantar se você estiver preparado (Andersson, Goran - 2015)[i]. O como ensinar é muito diverso e a maneira como as crianças aprendem também é (os pedagogos estudam isso). A disponibilidade de material também é um fator importante nesse trabalho. Essas são algumas razões que tornam mais desafiador o ensino não só no ambiente escolar, mas também nos clubes.

Muitas vezes queremos ensinar Orientação como aprendemos, utilizando os mesmos métodos e materiais. Assim não vai rolar, é preciso criatividade. Ler, assistir, pensar todos os dias e buscar novos materiais não importando a língua, até que você consiga fazer o seu portfólio. E este portifólio deve ser adaptável de tal forma que possa servir para a turma de hoje e para as próximas turmas, com novas crianças e suas respectivas cargas físicas, intelectuais, psíquicas, sociais etc.

Crianças gostam de desafio, mas de brincar também. Por isso, a importância do lúdico nas atividades. Outra coisa importante que tenho visto mundo a fora, são os professores ou instrutores ou técnicos serem catalizadores do conhecimento. Ou seja, deixam as crianças fazerem/criarem as atividades que vão realizar a partir de uma proposta clara de trabalho e com uma sequência didática com nível adequado a sua idade, experiência e objetivo da atividade, proposta pelo professor. Elas interagem com o material, leem, interpretam, manipulam, criam, confeccionam, realizam e trocam experiências com os colegas. Tudo isso continuamente sendo consolidado com o feedback do mestre. O trabalho consiste, em repetir, repetir, repetir e ir desenhando, copiando, colando, e colocando nas mãos das crianças material cada vez mais elaborado até chegar ao nível IOF.

O ensino da Orientação também torna necessário que estimule a surgir lideres, referências, ou seja, fomente o protagonismo. Talvez você pense que seja muito mas, na França, as crianças no ambiente escolar nível médio já são estimuladas a se formarem técnicos, árbitros. No Reino Unido, as crianças desenham seus próprios mapas, planejam os percursos, desenham os símbolos, talvez estejam criando futuros mapeadores. O Equador, com o programa MENTEAVENTURA, para mim, tem um dos melhores trabalhos de iniciação à Orientação.

Então, neste momento de eventos virtuais, é preciso não frustrar as crianças. Cabe ao responsável por elas, após essas quatro etapas do e-CamBOr Virtual, reviver exercício por exercício e apresentar um diagnóstico verdadeiro, deixando claro o que é que eles já deviam saber e o que é que fugiu ao nível atual. Também que encarem como uma atividade de sala de aula em que o professor (a) passou uma matéria e na prova caiu um pouco mais.

Inclusive é importante deixar claro para os iniciantes que uma exigência maior em determinados momentos não invalida nada do que foi feito até então. E que desafios cada vez mais complexos vão acompanha-los durante toda a vida, aonde quer que estejam. Por isso, cada criança deve entender que é preciso fazer a diferença.

Fica ainda o ensinamento que vem de nossos ancestrais: “É PRECISO SE SUPERAR. A VIDA É CHEIA DE DESAFIOS E NÃO ESTAREMOS LIVRES DELES PELO RESTO DE NOSSAS VIDAS. ISSO É SÓ O COMEÇO".



[i] Livrete: Legal, Incrível e Educativo, Estocolmo, 20 janeiro 2015. Traduzido para o português pela CBO.

terça-feira, 15 de setembro de 2020

A corrida de Orientação no cenário de pandemia

Olá, estimados orientistas.

Ao ler sobre as medidas que várias modalidades desportivas estão tentando implementar para mitigar  o risco de contaminação não só para os atletas como para os expectadores e a comunidade envolvida, acabei refletindo sobre a grande oportunidade que temos nas mãos.

Se você se incomodou com esse primeiro parágrafo, não se preocupe. Essa era uma das intenções. Mas não apenas provocar. Vou apresentar algumas informações para que criem o seu referencial e, por conseguinte, as contribuições para utilizar na própria modalidade.
Nos esportes de arena (futebol, vôlei, basquete, MMA, tênis etc.) todos os protocolos que estão sendo criados buscam mitigar a possibilidade de contágio por meio de uma série de testes para os atletas e a realização dos eventos sem público. Exemplos que deram certo, e que deram errado, não faltam. Já houve contaminação em massa envolvendo um torneio de tênis promovido por Novak Djokovic; já houve partida de futebol cancelada minutos antes devido aos resultados de testes de laboratório; já vimos que não é possível realizar uma corrida de rua nas atuais circunstâncias.
Praticamente todas as modalidades desportivas tiveram os eventos de seus calendários 2020 cancelados ou adiados.
Nos esportes outdoor (corridas de rua, de aventura, skate, mtb etc.) as propostas de protocolos acabam sendo mais complicadas quando comparadas com os eventos que são realizados em espaços controlados (quadras, estádios, arenas, piscinas etc.). Apesar de serem atividades ao ar livre, em sua grande maioria, justamente o livre acesso e a falta de controle total do que é proposto acaba tornando mais difícil garantir que os participantes não serão contaminados.
Mas vamos falar mais especificamente da corrida de Orientação, remetendo à oportunidade citada no primeiro parágrafo.
Como todos sabem, a corrida de Orientação, generalizando, é uma modalidade realizada ao ar livre (não vamos tratar aqui do indoor-orienteering) e cujos competidores possuem horários de partida em pequenos blocos. Essa breve definição já nos permite inferir duas vantagens em relação a várias outras modalidades desportivas: realização em áreas abertas e largadas com fluxo que pode ser definido.
Alguns aspectos ainda precisam ser mitigados quando tratamos das possibilidades de contágio durante nossas atividades, sejam treinos ou competições: o fluxo de pessoas nas arenas, o contato entre atletas nos pontos de controle (prismas) e o comportamento dos próprios atletas no pós-prova (reuniões, debates sobre mapas etc).
Algumas atividades e experiências no âmbito da corrida de Orientação já apresentam soluções para lidar com os riscos de contaminação. Dentre elas, o uso de EPI para a equipe organizadora do evento; a eliminação de pontos de concentração pré e pós-prova; maior intervalo entre as partidas; menor número de atletas por bateria de largada; fim dos espaços destinados a alimentação, apuração, banheiros e fotos; ausência de premiação.
Importante analisarmos tecnicamente todas as ações propostas em em andamento que visam o retorno das atividades externas da corrida de Orientação.
Faz algum tempo, versei aqui sobre a gestão de riscos na modalidade. Inclusive apresentei uma tabela a qual foi copiada e é utilizada até hoje por muitos organizadores. Bom, a gestão de riscos possui alguns princípios os quais vou resumir na sequência abaixo:
  • identificar os perigos;
  • realizar uma análise das consequências advindas dos perigos, em termos de probabilidade e severidade;
  • atuar frente aos riscos isolando, eliminando ou mitigando as causas;
  • avaliar se as medidas adotadas foram eficazes e retroalimentar o sistema.
Transpondo essa lógica de ações na corrida de Orientação considerando o cenário atual de pandemia e os números elevados de contaminação e óbito em nosso país, podemos considerar o seguinte:
  • Perigos:
    • presença de atletas contaminados no local de treino/prova;
    • bases de controle;
    • banheiros químicos;
    • áreas de concentração;
    • ausência do uso de epi (máscaras);
    • reuniões pós-atividade no local de treino/prova;
    • uso de SiCard ou cartões de picote;
  • Riscos:
    • atletas contraem a Covid19 no local de treino/prova;
    • atletas portadores sofrem complicações durante o treino/prova;
  • Ações frente aos riscos:
    • eliminar os pontos de concentração;
    • uso do SIAC ou outro meio sem contato;
    • aumento do intervalo entre partidas;
    • uso obrigatório de máscaras na arena;
    • EPI para toda equipe de organização;
    • ampliar áreas de estacionamento;
    • envio de informes de conscientização sobre a Covid19;
    • diminuição do número de treinandos/competidores por pontos de controle (gestão dos percursos);
    • incentivar o uso de SIAC ou outros equipamentos sem toque;
    • envio de resultados via web;
    • realização de eventos remotos pré e pós atividades (lives, videoconferências etc.).
Para concluir, é imprescindível que os organizadores desses eventos respeitem as regras locais definidas pelas autoridades sanitárias.
Voltando, então, à afirmação de que a pandemia é uma grande oportunidade para nosso esporte, lembro a vocês que os demais tipos de corrida, cuja partida é em massa, dificilmente poderão adotar os mesmos protocolos.
É aí que vejo que podemos conquistar os corredores de rua, de trilha, de montanha, os ciclistas de asfalto, de MTB, os corredores de aventura e todos aqueles esportistas que não querem ficar parados ou que estão ampliando os horizontes para novos desafios.
Precisamos criar meios de divulgar nosso esporte e o quão ele pode ser seguro mesmo em um período tão complicado. Claro que é fundamental que essas medidas sejam debatidas e criticadas, na busca de eficiência e eficácia.
E por falar em meios de divulgação, desde o último post já foram realizadas mais de 35 lives tratando do nosso esporte. Tem desde análises de rotas até lives de premiação das etapas do CamBOr Virtual. Se você ainda não assistiu, passe lá em nosso canal no YouTube e aproveite.

Se puder, deixe um comentário. Gostaria de saber sua opinião sobre o assunto ou se você está participando de alguma atividade externa de orientação durante a pandemia.

Seja inteligente! Pratique a corrida de Orientação.
\o/

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Lives dos orientistas no youtube

Olá, estimados orientistas.

Está disponível no canal Orientista em Rota, no youtube, a primeira de uma série de lives que pretendo realizar tratando de assuntos capazes de aprimorar nossos conhecimentos sobre o esporte.
Nesta primeira live, conversei com os amigos Roberto Alves e Gilson de Faria sobre eventos internacionais de orientação. Passem lá, assistam e comentem o que acharam. Deixem suas impressões sobre o formato da conversa e sugestões de próximos assuntos.
Ah, se puderem, peço que se inscrevam lá no canal. Vocês serão avisados sempre que houver um vídeo novo e, assim que atingir 1000 inscritos, terei condições de fazer lives ao vivo.
Na mesma plataforma visitem o canal Orientista em Foco, do Júnior Dias, que também está com um projeto muito bacana de lives ao vivo. Hoje ele conversou com atletas sobre a mudança de categorias. Foi um bate papo de ótimo nível técnico.
Os projetos de lives são mais uma forma de aliviar a ausência de atividades de orientação ao ar livre durante este período de pandemia.

Seja inteligente! Pratique a corrida de orientação.
Boas rotas \o/

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Panorama da Orientação brasileira e outros esportes de corrida

Olá, estimados orientistas e corredores em geral.

Faz pouco mais de um mês apresentei aqui no blog uma preocupação quanto aos rumos das nossas atividades esportivas durante a pandemia. Na época, o mundo contava com 185 mil casos confirmados e 7500 mortes decorrentes da Covid19. Hoje (04/05/2020) o mundo tem 3,5 milhões de casos confirmados e quase 250 mil óbitos por conta da doença. Nosso país já ultrapassou 100 mil casos e 7 mil óbitos. Mesmo com esses números, sei que temos em nosso meio uma quantidade significativa de pessoas que, por diversas razões, não acredita no que aparenta ser uma situação gravíssima.

Entretanto, independente da forma de pensar de cada um, todos nós já estamos, de alguma maneira, impactados pelas pandemia. O esporte em geral foi praticamente interrompido. Todas as competições que envolvem corrida (de aventura, de orientação, de montanha, de rua...) não resistiram às decisões maiores que levaram em conta, inclusive, o enorme impacto financeiro. NBA, Olimpíadas 2020, F1, campeonatos de futebol, maratonas internacionais... são eventos esportivos que movimentam muito em recursos financeiros, mas não resistiram ao apelo mundial.
Especificamente sobre o calendário de corridas de orientação, em termos gerais o que nos resta são as atividades online disponibilizadas por algumas entidades da Europa. Como exemplo posso citar o Lockdown Orienteering, realizado pela Federação Britânica de Orientação. Este evento, na primeira edição, que ocorreu durante a páscoa, reuniu mais de 500 competidores, de 20 países. Personalidades como Thierry Gueorgiou e Simone Niggli estão entre os participantes. Não apenas competições virtuais, mas várias atividades em forma de quebra-cabeças, jogos de sete erros, leitura de mapas e cartões de descrição têm funcionado para ocupar o tempo e a mente de nossos praticantes.

Aqui no Brasil percebe-se a realização de algumas "lives" por clubes e federações. Recentemente participei de uma realizada pelo Caatinga Trekkers. Particularmente, tenho utilizado as redes sociais e os aplicativos de comunicação instantânea (como o WhatsApp) para replicar algumas dessas atividades que encontramos nos sites dos clubes e entidades europeias. No perfil orientistaemrota do Facebook vez ou outra tem um desafio. No whatsapp (grupo Orientação Brasil) tanto eu quanto o professor Roberto (COTi) temos compartilhado esses desafios. E muita gente se animou e está compartilhando atividades também lá. No youtube temos curso de OCAD disponibilizado pelo Isaac Miranda e o canal Orientista em Foco, do Júnior Dias. Estou pensando em como disponibilizar mais conteúdo nessa mesma plataforma para contribuir com a comunidade. De toda forma, no canal Orientista em Rota tem várias análises de rota disponíveis. Fico grato se puderem sugerir assuntos aqui nos comentários desse post e também se passarem lá no meu canal e se inscreverem (agora o youtube exige ao menos mil inscritos para que seja possível realizar lives).
Quanto ao calendário nacional e internacional de eventos de Orientação, praticamente todas as atividades programadas até o mês de julho foram canceladas. Aqui no Brasil o Campeonato Sulamericano foi adiado para 2022 e algumas federações e clubes estão avaliando diariamente a possibilidade de realização de eventos.

Muitos de nós acredita que há um certo exagero em não termos a realização do CamBOr e do CSO ainda em 2020. Quanto a isso, acredito que foi uma decisão difícil a ser tomada pelo Conselho da CBO, mas muito acertada. As ponderações levaram em conta, inclusive, a capacidade logística para que os competidores pudessem chegar às cidades sede.
Enquanto não temos um panorama mais favorável, vamos cuidar da parte física e mental, atentando para as orientações dos órgãos de saúde. Se cada um fizer a sua parte, muito em breve estaremos competindo em ambiente real.

Boas rotas \o/
Seja inteligente! Pratique a corrida de Orientação.

terça-feira, 17 de março de 2020

Ajustem seus azimutes


Olá, estimados orientistas.


Desde dezembro, de algum modo, estávamos cientes da existência de uma nova variação de coronavírus. O epicentro da propagação era a China, país que adotou várias medidas para mitigar os danos provocados pela epidemia. Alguns países vizinhos se isolaram e, assim, conseguiram impedir um avanço descontrolado. Entretanto, num mundo sem fronteiras, a Itália se tornou um ícone. E agora, depois de 3 meses, nosso país começa a sentir os reflexos do que já se chama pandemia. Para variar, somente depois do carnaval acenderam a luz de alerta. Sei que muitos ainda duvidam do potencial negativo do contágio em massa. Muitos estão com esperança de que nosso país não será atingido, ou que lidará com sucesso contra a doença. Muitos acreditam que é tudo uma teoria da conspiração. Outros estão em pânico, inclusive desabastecendo o mercado de produtos para proteção. Talvez, quiçá, se esquecendo que os vizinhos também precisam de álcool gel e outros itens protetivos.
Agora parece que a ficha está caindo. O jogo de futebol que não será transmitido, aquela corrida de rua que foi adiada, os filhos que foram liberados da escola, as ruas com trânsito tranquilo... a tia do primo do vizinho que conhece fulano que está infectado...
É bem assim mesmo. O que chamavam de falso alarmismo era, na verdade, uma falta de atitude em prevenir algo que estava batendo à nossa porta.
Temos um calendário ativo de atividades de corridas de orientação. E há uma aparente nuvem encobrindo qualquer fala que sugira o adiamento de provas ou a solicitação de um posicionamento das autoridades competentes. Nesse cenário, por exemplo, ocorreu a Copa Sul. No próximo final de semana temos eventos programados em alguns estados. Qual a situação deles? Até agora, um evento que ocorreria em Goiânia-GO, foi cancelado. Também a Federação de Pernambuco confirmou suspensão das atividades. Aplaudo a atitude, pois estão seguindo a recomendação das autoridades locais.
E o CamBOr? Sobre este, não posso falar. Apenas imaginar que já estão com um plano B e um plano C bem desenhados. Que estão cientes sobre as restrições a grandes aglomerações. Que previram a possibilidade de que os competidores nem tenham condição de chegar por via aérea devido ao encolhimento da malha. Que quanto mais tarde houver definição, em caso de adiamento, maior prejuízo financeiro terão os inscritos. Conheço alguns dos responsáveis pelo evento e nesses poucos eu confio. Entendo a dimensão do que pode ser um problema, e creio na capacidade deles em tratar o caso com a seriedade merecida.
Talvez a CBO e seus federados estejam com o receio de causar pânico, ou que medidas restritivas firam a imagem da entidade. Mera especulação de minha parte. Mas se for esse o receio, podem ficar tranquilos. Grande parte já está contando com essa possibilidade. E os que pensam contrário vão agradecer daqui há algumas semanas.
Acabei fazendo algumas leituras nos informes que recebi de outros países e também busquei saber o posicionamento oficial de entidades mundo afora. E hoje a IOF publicou uma ação mais enérgica, cancelando ou adianto todosos seus eventos programados até 31 de maio corrente. Um percurso natural, já que os países estão fechando suas próprias fronteiras.
Quanto às corridas de rua e corridas em trilha, essas já vinham sendo canceladas. Agora é um momento de unirmos forças em benefício da coletividade.
Sugiro aos colegas que fiquem atentos aos informes das companhias aéreas e rede hoteleira caso sejam impactados pelas decisões que virão. Quanto antes se informarem, melhores serão as decisões. Lembrando sempre que buscar a fonte é a melhor maneira de evitar notícias falsas.
Que tenhamos capacidade para lidar com essa adversidade.

Seja inteligente! Pratique a corrida de orientação.
Boas rotas \o/
orientistaemrota

quinta-feira, 12 de março de 2020

"Devaneios" sobre os rumos da corrida de Orientação brasileira

Olá, estimados orientistas.

Desde que a gente entra no mundo da corrida de Orientação, inexoravelmente acaba se deparando com aqueles momentos de reflexão sobre os rumos dessa modalidade desportiva. Estou num desses momentos, principalmente devido à vivência em eventos dentro do Brasil e no exterior e devido à leitura de diversas manifestações nas redes sociais e nos aplicativos de comunicação instantânea (whatsapp e telegram).
De bastante positivo vejo a energia de muita gente empenhada em tornar melhor o nosso esporte. Mas aí também está um lado que merece bastante atenção. A aparente liberdade que a internet e suas ferramentas nos oferece parece estar incompatível com o diálogo mais coerente e assertivo que o assunto exige.
Existem, em minha talvez míope visão, muitos aspectos que, se não forem bem observados, aumentam a probabilidade de regredirmos como modalidade. Talvez eu me perca no pensamento ou escreva algum devaneio, mas vou tentar pontuá-los nos próximos parágrafos.
Ausência de geração de dados - dizem que estatística é a arte de transformar os números a seu favor. Em nosso caso, parece que nem isso estamos conseguindo. A CBO até tem tentado criar um ambiente de governança adequado. Mas o fato é que nosso sistema de gestão não prioriza a geração de dados que favoreçam a tomada de decisões (sobretudo no nível estratégico). Um bom exemplo: algum de vocês sabe informar quantos orientistas tiveram que receber algum atendimento médico durante as provas oficiais de 2019? Quantas competições foram realizadas com resultado superavitário na sua federação? Qual o percentual de orientistas inscritos em categorias fora da sua faixa etária? Qual o índice de participação dos filiados do seu clube nos eventos ofertados? Se você tiver essas respostas, ou ao menos se souber aonde encontrá-las, por gentileza, compartilhe conosco. São de extrema valia. Minha filiação principal é a FODF e tentei trabalhar em um relatório que fornecesse ao menos uma base de dados. Não foi fácil, mesmo sendo o atual Diretor Técnico, obter números. Um dos problemas é que a forma de gestão estava em um nível, digamos, artesanal. Mas conseguimos, por exemplo, conhecer o índice de evasão de orientistas ao comparar os participantes da primeira etapa e os que completaram o campeonato do DF. O clube do Rocha também tratou de criar ferramentas para mapear a participação de seus filiados. Tratei de ler alguns regulamentos e tomei conhecimento de uma portaria da FECORI que tenta organizar os relatórios das provas. Concluindo: temos muitos bons exemplos para copiar (benchmarking puro), e outros tantos para mitigar.
Pouca leitura - a corrida de Orientação é um esporte que exige bastante da atividade intelectual. Mas isso não se resume apenas em decodificar o mapa e comparar com o terreno em si. Aqui no blog e nas minhas redes sociais, utilizo o bordão "Seja inteligente! Pratique a corrida de Orientação", e a hashtag "Citius, fortius, sapiens" (uma adaptação ao preceito olímpico, significando "mais rápido, mais forte, mais inteligente" em tradução livre). Ou seja, considero que devemos exaltar essa característica da Orientação. Mas na prática, tenho visto os praticantes mais preocupados em memes e divulgação de fotos do que na preparação intelectual. Você, que está lendo o blog, é um orientista diferenciado. E provavelmente vai concordar comigo que nossos pares lêem pouco. Meu termômetro são as próprias publicações do blog. As análises de rotas que publico atingem um número pequeno de orientistas. Em outra mão, as publicações com vídeos ou álbuns de fotos atingem picos elevados de visualizações. Também é um fator complicador que muitos bons textos sobre o esporte estão em outras línguas (inglês, espanhol, alemão etc.). Mas isso não deveria ser uma barreira intransponível, já que existem tradutores competentes nos navegadores de internet. Então, resta concluir que a falta de leitura se deve à própria cultura dos nossos atletas. Já se perguntou quantos atletas conhecem ao menos os boletins e os regulamentos dos eventos? Recentemente em um grupo de whatsapp tivemos um excelente debate sobre declinação magnética, bússolas e zonas magnéticas. A conversa foi provocada depois que comentei ter visto jovens atletas brasileiros no Portugal O'Meeting fazendo uso de bússola calibrada para o hemisfério sul. Em conversa com eles, ficou claro que desconheciam que este pequeno detalhe poderia prejudicá-los na navegação.
Preparo físico - No ano passado participei na M40 no WMOC. O mapa da Final A apresentava uma distância próxima de 11,6km. Numa conta básica, é possível avaliar que o vencedor percorreu algo em torno de 12,5km para completar todo o percurso, já que é quase impossível um orientista seguir somente pela linha vermelha. Sabem qual o tempo que ele precisou para vencer a prova? 56 minutos. Isso dá um ritmo (pace) abaixo de 5'/km. Na categoria M70 o mapa possuía pouco mais de 6km e o vencedor precisou de 43 minutos para concluir a prova. Mesmo considerando que as provas de um WMOC são realizadas em áreas que priorizam a navegação, dificilmente conseguiríamos desenvolver velocidade parecida. Talvez pelo fato de termos objetivos muito heterogêneos na prática da modalidade, ou por premiarmos graus de dificuldade B e N, isso acabou gerando uma acomodação que estagnou nosso desenvolvimento em termos de performance.
Sempre os mesmos organizadores e gestores - em que pesem as inúmeras oportunidades de formação técnica para habilitar organizadores, é fácil notar que as figurinhas que montam as provas são bastante repetidas. O lado nefasto é que a pouca oxigenação traz uma acomodação e cria vícios técnicos nos eventos. Muitos competidores, por não atuarem nas organizações, acabam perdendo toda a expertise mais que desejável de entender melhor uma competição de orientação. Por exemplo, porque o traçador optou por colocar em tal área aquele prisma; ou porque o árbitro sugeriu alterações em uma arena ou mapa. Correr é muito legal. Mas se os orientistas se acomodarem, haverá um dia em que não mais teremos quem montar as provas. Por mais amadora que seja nossa modalidade, é importante e necessário que criemos estratégias para desenvolver a todos.
Conhecimento empírico deficiente - ainda na linha dos gestores, percebo uma aparente falta de interesse em adotar ou em acreditar nas experiências que outros vivenciaram. Não sei se é mero exercício de ego, mas muitos se fecham em pequenos feudos e acabam se tornando referências incompletas para muitos entrantes na modalidade. Recentemente, enquanto fotografava um evento, ouvi um organizador contando para iniciantes que "lá na Europa os mapas nas partidas sempre ficam no chão".
Ambiente pouco agregador - para muitos, a corrida de orientação é um esporte no qual você chega com tempo suficiente para se aquecer, faz seu percurso, confere o resultado e deixa a arena. O tão esperado congraçamento, o calor familiar que tanto exaltamos, não parecem ter se tornado uma prática em termos gerais. Entretanto, existem ótimos exemplos de algumas federações que podem e devem ser copiados. Importante é que momentos de encontro dos orientistas vão gerar melhorias significativas se forem bem aproveitados por toda a comunidade praticante. Ao criar um clima amistoso e que incentive as pessoas a estarem juntas, aí sim estaremos atuando em prol da modalidade. A vaidade de uns está afastando muita gente.
Não temos um ídolo nato - nossos atletas de elite não apresentaram, até o momento,  o prestígio, a empatia e o carisma necessários para se tornarem ídolos da modalidade. Assim, nos falta aquela figura que provoca, que emociona, que alegra, que instiga sobretudo os mais jovens a serem, também, ícones do esporte.
Precisamos de orientistas que paguem pela orientação - uma prova de corrida de orientação possui custos elevados. Esses custos são repassados aos atletas. Cada evento tem seu próprio break even (aquele valor mínimo para que o organizador não fique no prejuízo). O grande desafio é ter um número maior de atletas para que os custos sejam diluídos e os valores cobrados sejam atrativos. Ocorre que a realidade é que poucas federações estão conseguindo colocar mais de 200 competidores por etapa. A FOP, em um passado recente, e atualmente a FBO alcançam as 4 centenas de atletas por etapa. Nos demais estados, me parece que há uma enorme ginástica para que os organizadores tenham saldo positivo. Num paralelo, a corrida de rua cobra mais e tem custos menores para ocorrer. Mas mesmo assim, as pessoas pagam mais de 100 reais para participar. Na orientação, temos descontos para família, isenções, e valores mal estimados. Atraímos competidores que não estão dispostos a pagar pelo esporte, ou que não são capazes de. Aí entra a conjuntura econômica e mais uma série de outros fatores. Inclusive não possuirmos bons patrocinadores. Só que o patrocinador quer um bom consumidor. Um paradoxo.

Bom, já escrevi bastante por hoje.
Se você chegou até aqui, espero que o texto tenha te ajudado a, ao menos, criticar e tecer suas próprias opiniões sobre nosso esporte. Se concorda ou não com essas palavras, aproveita o espaço abaixo e comenta. Este post é, inclusive, um teste para confirmar ou não a tese da falta de leitura. Inclusive não vou divulgar nas redes sociais. Vamos ver como será o alcance somente com os compartilhamentos espontâneos.

Seja inteligente! Pratique a corrida de orientação.
Boas rotas  \o/

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Atualização do Calendário de Orientação 2020

Olá, estimados orientistas.

Aqui a mais recente atualização do nosso calendário. As informações foram extraídas do site da CBO, de mensagens dos organizadores e de sites das Federações e clubes.
Aproveite para se programar. Afinal, nada melhor que conjugar aquela viagem, seja a trabalho ou a lazer, com uma pistinha de Orientação. Não só isso! Planeje seus treinos para obter os melhores resultados nas competições que você pretende participar.


Seja inteligente! Pratique a corrida de Orientação.
Boas rotas \o/

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Calendário de orientação 2020

Olá, estimados orientistas.

2020 já começou e acredito que todos vocês já estejam traçando as rotas para que seja um ano com muitas corridas de orientação.
Eu mesmo já estou organizando a agenda para alguns eventos importantes. Claro que com a devida autorização da família. No ano passado, deixei de competir para curtir o melhor dos presentes que a vida poderia me dar. Agora é hora de reiniciar os treinos e me preparar para alguns novos desafios pessoais.
E para ajudar toda a família orientista a planejar seus eventos, busquei reunir em um único calendário as atividades mais significativas já programadas para este ano. A maior parte das informações foi extraída dos sites das federações estaduais e do site da IOF. Também recebi informes de alguns clubes e promotores de eventos. Vou deixar o calendário disponível no formato .pdf (clique aqui) e compartilhar em alguns grupos de aplicativos de mensagens e nas redes sociais.
Você também pode colaborar, seja divulgando, seja informando alguma alteração ou inclusão de evento. Sempre que possível, efetuarei os ajustes necessários, informando a data da atualização. 
Ah, não se esqueçam de conferir as informações oficiais nos sites das federações, da CBO e da IOF.
Que tenhamos todos um 2020 com ótimas rotas.

Boas rotas \o/
Seja inteligente! Pratique a corrida de orientação.