quinta-feira, 25 de abril de 2019

Campeonato Goiano de Orientação - I Etapa

Olá, estimados orientistas.

A abertura do Campeonato Goiano de Orientação - CamGOr 2019 - foi uma bela festa. O local escolhido foi uma fazenda na região do Balneário das Lages, em Cristalina-GO. Para refrescar a memória, nessa região ocorreu a II Etapa do CamBOr 2018. Cerrado nativo, recortado por rios e córregos, boas elevações e uma mata que ganhou mais densidade devido às chuvas constituíram o conjunto de ingredientes desafiadores.
Mantendo a tradição, participaram do evento organizado pelo COSEC competidores de clubes goianos, mineiros e do Distrito Federal. Pouco mais de 60 atletas puderam testar toda sua técnica e resistência nos percursos traçados pelo atleta de elite Diego Sousa. O mapeamento ficou sob responsabilidade de José Carlos Barbosa.
E é sobre mapas e rotas que vamos conversar agora.
Participei do evento competindo na HMA. O mapa apresentava a distância de 5,2km e os organizadores estimaram em 80 minutos o tempo do vencedor. Como nem tudo são flores, precisei de quase 120 minutos para terminar a prova - felizmente na primeira colocação, sendo três concorrentes no total. Abaixo o mapa da categoria, com minhas escolhas:

No lado direito do mapa notem uma tabela com os tempos por pernada. Na coluna "Straig" ela informa a distância em linha reta, e na coluna "Route" a distância efetivamente percorrida. A última linha (Total) apresenta o balanço geral da prova. Percorri quase 3,5 km a mais que as rotas em linha reta. Bem acima da minha meta (até 20% além da distância do mapa, num pace de 7'/km).
Transformando em tempo, se considerarmos que meu pace médio na prova foi de 13'23", e que percorri mais de 2 km além da meta, teria economizado pelo menos 26' do tempo total de prova.
Portanto, conseguiria atingir tempo mais próximo do estimado inicialmente pela organização do evento.
Vamos discutir as rotas que considero com maior potencial para nos ensinar.

Rota do ponto 6 para o ponto 7

O que planejei: seguir em azimute até a trilha e atacar o ponto.
O que fiz: segui em azimute, mas ao encontrar a primeira trilha indistinta, não atentei para a distância percorrida até então. Ataquei o ponto como se estivesse na trilha planejada para servir de ataque. Busquei me localizar novamente e parti para o local correto, atacando o ponto de forma efetiva.
O que deveria ter feito: seguir conforme o planejado. Respeitar a contagem de passos, diminuindo a possibilidade de ataque equivocado.

Rota do ponto 7 para o ponto 8

O que planejei: chegar no ponto de passagem do rio pela trilha ao norte do ponto 7. Após a travessia, pegar a trilha ao sul do córrego até os barrancos. Dali atacar o ponto fazendo nova travessia da linha d'água.
O que fiz: segui conforme o planejado até os barrancos. Ocorre que a região era muito difícil de transpor. Fiz uma leitura incorreta e entendi que haveria uma pequena trilha auxiliando a passagem. O ataque foi alguns metros antes do ponto correto, fazendo com que mais tempo e energia fossem desperdiçados. Retornei à trilha, segui até o ponto de ataque mais favorável e executei nova tentativa de travessia. Outros competidores se juntaram a mim e percebemos um atleta do outro lado do córrego, na região do ponto. Isso serviu de confirmação da localização do ponto, sendo necessária somente a travessia do córrego e subida do barranco para, enfim, encontrar o ponto.

O que deveria ter feito: sem dúvidas, a melhor opção era passar pelo prisma zero e atacar o ponto pelo lado norte. Vale ressaltar que durante a abertura do evento houve uma série de informes da organização. Um deles tratava da questão das áreas de barrancos, que seriam de muito difícil transposição. Ao definir como melhor rota aquela que me obrigava a efetuar uma travessia por barrancos e linha d'água, comprometi praticamente toda a prova. Faltou atenção e inteligência. Foram desperdiçados cerca de 10 minutos nessa rota. Como bem sabemos, a frustração aliada ao cansaço podem refletir em erros nos pontos seguintes. Tive que respirar um pouco para retomar a prova compilando os ensinamentos dos colegas mais experientes (Gilson de Faria, Fernandes e Marco Aurélio, dentre outros): "cada rota é uma nova prova; o tempo perdido não é passível de recuperação; o resultado final será a soma de cada rota; faça o seu melhor". Assim procedi, tendo bom desempenho até me deparar com mais um equívoco...

Rota do ponto 14 para o ponto 15

O que planejei: seguir em azimute, com erro proposital para o norte, alcançando a área de árvores esparsas. Dali atacar o ponto, utilizando as árvores de destaque.
O que fiz: observem que a saída do ponto 14 não foi segura. Isso prejudicou o azimute inicialmente planejado. O erro proposital não me levou até as árvores esparsas, prejudicando, também, o ponto de ataque. Na tentativa de correção, voltei para a área de árvores esparsas e azimutei em busca das árvores de destaque próximas ao ponto. Não obtendo êxito, segui em direção ao encontro da cerca com o córrego, definindo novo ataque por ali. Somente usando essa barreira de segurança, consegui atingir o objetivo.
O que deveria ter feito: a estratégia inicialmente planejada não era das piores. Entretanto, a diferença de vegetação não era tão confiável. Outras opções poderiam ser adotadas. Por exemplo, seguir em azimute diretamente ao ponto, fazendo a devida contagem de passos. Como pontos de checagem eu poderia ter utilizado a árvore de destaque com montículo e depois o conjunto de árvores de destaque no círculo. Outra opção seria seguir pela trilha até sua bifurcação e, a partir dali, atacar o ponto, buscando como novo ponto de checagem as árvores de destaque. Mais um erro com desvio de 360%. 800 metros de energia desperdiçados. Mas não o suficiente para provocar minha desistência ou me desestabilizar.



Esses erros ainda surgem nas provas que participo. Preciso melhorar alguns aspectos relacionados à manutenção dos princípios básicos da Orientação, como a contagem de distância e o uso dos pontos de checagem. Espero conseguir na próxima prova. Também preciso melhorar a manutenção do pace médio. Já observo que não necessito correr tanto em determinados pontos. O importante é a média.

O que você achou dessa análise de rotas? Deixe seus comentários aqui no blog. Eles podem, inclusive, ajudar os demais leitores. 

Seja inteligente! Pratique a corrida de Orientação.
orientistaemrota

quinta-feira, 11 de abril de 2019

Primeiro Treino de MTBO - Fazenda Hot Park

Olá, estimados orientistas.

Tivemos  a grata oportunidade de participar de um treino de orientação em mountain bike, MTBO na nomenclatura mais conhecida.

A atividade faz parte de um projeto bem maior, que começou efetivamente no início deste ano, quando a CBO realizou um curso específico para mapeadores e traçadores de percursos para MTBO com um instrutor da Federação Portuguesa de Orientação.
Os conhecimentos foram compartilhados e já podemos apreciar algumas iniciativas. No estado do Goiás, a primeira atividade oficial foi essa sobre a qual vamos tecer as próximas palavras.
A área escolhida foi a fazenda do Hot Park, na cidade de Rio Quente-GO. Uma área de cerrado típico e que já sediou uma etapa do CamBOr. O COABOM foi responsável pela organização, tendo como traçador  Alvim Pereira, que mapeou a área com Geraldo Paulino.
Ao todo foram 11 ciclistas dispostos a curtir esse treino. Alguns deles praticantes de mountain bike tendo o primeiro contato com a Orientação. Justamente esses ciclistas nos deram uma informação importante: antes do evento eles consideraram que os aproximadamente 18km de percurso não era uma distância motivadora, pois parecia algo muito curto para se realizar. Somente após entenderem que o MTB-O exige muito mais que a simples cadência no pedal é que tiveram a motivação para participar do treino.
Então, fica a dica para os organizadores dos próximos MTB-O, pois é muito importante conquistar ciclistas que ainda não conhecem as peculiaridades da Orientação. Já os orientistas e praticantes de corrida de aventura precisam de menos esforço para aderirem a essa modalidade. Eu, por exemplo, estou no grupo dos que praticam orientação pedestre e corrida de aventura!
Duas diferenças básicas podem ser notadas entre os mapas de Orientação pedestre e de MTB-O: a escala 1:15.000 e a simbologia para as trilhas e estradas, que indica a velocidade de progressão. Como o praticante deve ficar sempre junto da bicicleta, identificar quais as trilhas mais rápidas é essencial para se definir as melhores rotas.
O mapa com minhas escolhas mostra bem essa questão da velocidade do pedal.

Um outro detalhe que faz a diferença é o suporte para mapas. O que usei foi feito por mim mesmo, utilizando uma base para suporte de GPS a qual adaptei junto a uma prancha plástica bem leve. Existem opções já prontas para quem estiver disposto a pagar por elas. Ah, o ideal é que você tenha condições de girar seu mapa para mantê-lo orientado durante o pedal.
Quanto às rotas, dois pontos específicos merecem comentários. O primeiro deles é a rota que escolhi para alcançar o ponto 4. Observem as opções que existiam. Levei 14 minutos para realizar o objetivo.

Nessa pernada 3-4 planejei passar pelo ponto 14 e ao lado da largada (seta na cor rosa), mas errei a entrada de uma das trilhas e percorri alguns metros além do necessário. Uma outra excelente opção seria pegar a estrada a partir do ponto 3, conforme marcação em roxo:
Outra rota que merece comentários é a do ponto 8 para o ponto 9. O pensamento inicial do traçador provavelmente era que os competidores passassem pela trilha que corta os currais, pouco antes de chegar ao triângulo. Ocorre que ali seria bem mais lenta a passagem. Portanto, na prática, a melhor rota foi a que eu adotei, passando pela área de chegada.

Abaixo um vídeo mostrando em animação as minhas escolhas.


Boas rotas \o/
orientistaemrota