terça-feira, 19 de julho de 2016

Análise de rotas II Etapa CamBOr 2016 - Parte I: Revezamento

Olá, estimados orientistas.

Se fosse alguns séculos mais recente, eu diria que a frase mens sana in corpore sano foi criada para a Corrida de Orientação. Nossa modalidade exige, e bem, a integração entre meio ambiente e os aspectos físicos e mentais do competidor. E é nesse escopo que vamos estudar mais um pouquinho. Dessa vez, trataremos de breves análises de rota dos meus percursos na II Etapa do CamBOr Itamar Torrezam 2016, realizado em Rio Quente-GO. Para facilitar a leitura, serão três posts. Este aqui é o primeiro, tratando do Revezamento por trios.

Como de praxe, apontarei os detalhes (em sua maioria, os erros cometidos) que julgo trazerem mais aprendizado para nós. O programa utilizado é o QuickRoute e os arquivos do GPS eu obtenho a partir do uso dos dispositivos Igotu ou Suunto. A metodologia é simples: responder às perguntas “o que planejei?”, “o que fiz?”, e “o que deveria ter feito?”. No final do post disponibilizei o vídeo do percurso, com as rotas em tempo real.
Sem mais delongas, vamos usar nossa massa cinzenta!


Neste Revezamento por Trios, disputei a categoria Master, na companhia dos experientes Bruno Pontes e Elizete Rodrigues. O primeiro desafio foi definir a ordem dos componentes da equipe. Optamos pela ordem Bruno, Elizete e eu. Essa montagem considerou aspectos psicológicos, técnicos e físicos. Eu, por exemplo, já observei que não obtenho bons resultados largando em primeiro. Geralmente a ansiedade e o nervosismo na partida em massa me fazem abandonar a técnica e passo a seguir a manada. É extremamente importante que as equipes avaliem individualmente as fraquezas e forças de cada componente, e depois o conjunto da obra. Como trio, sabíamos que a variação entre nossos tempos individuais não poderia ser muito grande. Mais um detalhe é que eu já percebi que largando em segundo ou terceiro consigo lidar melhor com a pressão de recuperar tempo, ou de manter o ritmo caso minha equipe esteja em primeiro. A estratégia deu certo e nossa formação fez o menor tempo, obtendo o primeiro lugar. Vamos ao mapa:


Notem na tabela de splits (parciais) da figura abaixo a diferença de rota para chegar aos pontos 4 (72%), 9 (75,4%), 11 (59,4%) e 15 (206,6%).



O programa informa o quanto eu saí da linha vermelha (opção mais curta). Fácil perceber, portanto, que esses são os pontos os quais o deslocamento foi bem maior que a distância em linha reta. Vale ressaltar que nem sempre este número alto significa um demérito. Vou mostrar a vocês de forma mais detalhada apenas dois desses trechos (3-4 e 14-15).


Rota do ponto 3 para o ponto 4




O que planejei: saída em velocidade a partir do ponto 3, atravessar a passagem obrigatória utilizando-a como ponto de ataque e alcançar o ponto 4.

O que fiz: ao passar pela passagem obrigatória, me deparei com uma vegetação alta, diferente do disposto no mapa. Acreditei que o melhor seria contornar a parte de mato alto pelo lado direito. Infelizmente, não havia distinção de vegetação conforme o mapa, me obrigando a progredir em baixa velocidade em direção ao ponto. Além disso, ao chegar no ponto, restou claro que a distância de vegetação a percorrer era ínfima, não sendo necessário sair do azimute. Restou claro que interpretei erroneamente o mapa, fazendo com que eu mudasse a estratégia inicial.

O que deveria ter feito: seguir conforme o planejado, pois a vegetação era idêntica em toda área amarela. Além disso, a opção de contornar pela direita só se justificaria caso a distância fosse maior e houvesse claramente um aceiro para a travessia pelo bordo da vegetação mais densa.
Distância percorrida a maior: aproximadamente 50m.

Rota do ponto 14 para o ponto 15:


O que planejei: saída pela esquerda, observando com cuidado as passagens transponíveis de forma a progredir pela rota mais limpa (menos obstáculos).

O que fiz: segui conforme o planejado. Observem que a saída foi lenta (cor laranja e vermelha). Neste trecho restou claro que era mais importante encontrar a melhor passagem, exigindo bastante atenção. Como disse no início desta matéria, nem sempre o percentual de desvio alto indica erro do orientista. O traçador de percursos provavelmente utilizou das cercas intransponíveis neste trecho para testar a leitura de mapa dos atletas. Também foi possível observar que alguns colegas que não respeitaram a simbologia do mapa acabaram sendo desclassificados ao passar por esta área (inclusive foram fotografados!). Ponto para a organização, pois a vantagem ilícita seria de aproximadamente 150m caso o competidor seguisse pela linha vermelha.

O que deveria ter feito: a opção que adotei foi a mais acertada. Um erro na interpretação do mapa, ou outra rota a tomar demandariam uma distância muito maior, com consequente aumento no tempo final. Notem na figura uma seta pontilhada indicando uma cerca intransponível; a outra seta apresenta o portão de entrada do parque, sendo esta uma outra rota possível (voltando pelo mesmo caminho utilizado para chegar ao ponto 13), mas demandando tempo e esforço físico que colocariam a vitória em risco.

Novidade
Que tal assistir ao vídeo com o mapa da prova? Veja aqui minhas escolhas em tempo real:



E aí? O que achou desta análise? Teve dificuldades em efetuar suas rotas ou no entendimento da simbologia para mapas Sprint? Comente suas impressões.
O próximo post trará a Análise de Rotas do percurso longo.

Boas rotas \o/
orientistaemrota