Olá, estimados orientistas e também praticantes de atividades outdoor.
Elaborei um calendário com eventos de corrida de orientação e também de corridas trail. Assim, posso me organizar melhor tanto em termos de preparação quanto na logística para participar das provas e treinos.
O calendário tem como fonte o site da CBO, os informativos das Federações e clubes, redes sociais e o site da IOF. Então, é provável haver alterações. Mas vou tentando atualizar sempre que possível.
Com este calendário disponível na palma da sua mão, será muito mais fácil saber tudo que está acontecendo no nosso meio. De uma maneira mais prática, ao invés de ter que acessar sites ou informes dos organizadores.
E também está integrado a este blog, aqui ao lado. Então, sempre que vier por aqui, você terá uma visão geral dos eventos do mês. Para maiores informações, basta clicar em cada data.
Também incluí as provas do campeonato Corridas de Montanha. As provas trail e de corrida de aventura são muito interessantes para os orientistas. Primeiro porque acredito que temos uma capacidade técnica melhor em comparação com os trilheiros (nós não corremos somente em trilhas). Segundo porque estamos muito restritos às provas de corrida de orientação, o que limita nossa visão sobre organização de eventos e captação de adeptos.
De hoje ao dia 17 de novembro a Bahia é o epicentro da Orientação no Brasil. A cidade de Salvador, com suas ruas e construções históricas, está sediando o Campeonato Brasileiro de Orientação Sprint - CAMBOS. Serão quatro percursos com todos os ingredientes que só a modalidade sprint pode proporcionar. Dois desses percursos valem para o ranking mundial da elite - WRE.
Fiz um rascunho para que vocês terem uma breve noção do que encontrarão em Salvador. A expectativa é grande, já que Salvador é uma cidade bastante antiga, e áreas assim normalmente são assimétricas, tornando bem mais desafiadoras as corridas de orientação na modalidade sprint.
Rascunho de mapa do Pelourinho - não atende à ISSOM.
Para que vocês tenham o máximo desempenho neste CamBOS, vou listar abaixo algumas dicas que considero importantes e eficazes:
Façam um aquecimento e alongamento para proporcionar uma largada rápida, sem lesões musculares;
Atenção ao calçamento do centro histórico da cidade. Calçados de solado liso vão imputar uma menor velocidade, para evitar escorregões nos paralelepípedos;
Normalmente, e isso vai depender do quão treinados vocês estão, a bússola vai ser usada apenas para orientar o mapa na largada. Importante observar as referências e "girar" conforme direção ao longo do percurso;
Tenha sempre em mente, aonde você está e para aonde vai. É obvio dizer isso, mas vale o mantra numa prova rápida: estou aqui, vou nessa direção e sairei por este lado. A pré-memorização e o famoso dedo no mapa podem dar a vocês segundos preciosos;
Atenção aos pedestres, veículos e obstáculos fixos e móveis (mesas externas de restaurantes, por exemplo, possuem simbologia e estarão mapeadas);
Não se esqueçam da escala do mapa. Isso é importante para que não passem dos pontos de controle sem percebê-los;
A distância descrita no mapa é o somatório das menores rotas possíveis para completar todo o percurso. Então, se você correu muito além desse número, tomara que tenha feito um pace bem baixo;
Uma das dicas mais importantes: caso percebam semelhanças entre as opções de rotas, utilizem a que for mais limpa. Quanto menos curvas e desvios de obstáculos for necessário efetuar, mais limpa é a rota;
Chegou no ponto de controle, confira o número e faça o registro no seu chip. Se estiver confiante o suficiente, a conferência do número será desnecessária ou bem mais rápida que o usual. Quanto menos distrações tiver, menores os riscos de desclassificação;
Deixe para curtir as belezas turísticas do local da prova somente após terminarem seus percursos. Com certeza vocês vão se deparar com monumentos lindos, com casarios que renderiam uma foto maravilhosa... mas aquela olhadela de um ou dois segundos pode te custar o pódio;
Esteja atento à rotina do atleta, publicada no boletim do evento;
Confiram as orientações da organização. Em especial às erratas que porventura tenham sido publicadas. Neste CamBOS 2019, por exemplo, foi divulgada uma pequena alteração de mapa.
Assim que tiver os resultados e mapas, vou tentar comentar aqui minhas impressões sobre este CamBOS. Para este evento, vou adotar a hashtag #cambos2019. Sugiro que façam o mesmo com suas fotos e publicações.
No mais, confiram seus equipamentos: bússola, porta-sinalética, calçado, chip. Se protejam do sol e tenham uma alimentação e hidratação adequadas.
Tenho certeza que será um excelente evento, não apenas pelo potencial turístico e peculiaridades de Salvador, mas também porque só tem feras nessa equipe de organização!
No último final de semana (16 e 17 de março) ocorreu a seletiva para a formação da equipe que representará o Bradil no Campeonato Mundial Estudantil de Orientação. O evento foi promovido sob responsabilidade da FODF e sediado no município de Luziânia-GO, no entorno do Distrito Federal. Também serviu para a CBO definir os selecionados para o JWOC2019, o Mundial Júnior de Orientação.
Essa seletiva é um momento histórico, pois a CBDE - Comissão Brasileira do Desporto Escolar -, num acordo inédito, vai custear os dez selecionados que irão nos representar no ISF World Student Orienteering Championships, que acontecerá em maio na Estônia. Já a CBO, solucionando uma alteração de última hora devido à desistência do apoio oferecido pela DEPA (Departamento de Educação Preparatória e Assistencial do Exército) se comprometeu a custear a ida de 5 atletas para o JWOC2019, na Dinamarca.
A disputa foi acirrada e emocionante. Nossos jovens atletas, nascidos entre 2001 e 2005, embalados pela torcida empolgante dos colegas e ao som dos gritos de apoio dos pais, responsáveis e técnicos, suaram a camisa para demonstrar o merecimento a uma das tão sonhadas vagas. Foram mais de 70 orientistas representando 11 unidades federativas da União.
Estiveram presentes no evento a CBO e a CBDE. Vale frisar que o representante da CBDE que acompanhou essa seletiva, após ver de perto nosso esporte, declarou que apoiará a modalidade inclusive na implantação das Federações nos estados que ainda não a possuem. A expectativa é ampliar a participação estudantil no âmbito nacional. Isso demonstra o enorme potencial da corrida de Orientação, seja em termos de organização e estrutura, seja enaltecendo os aspectos pedagógicos, ambientais e físicos que ela proporciona aos seus praticantes.
Sobre as disputas
Os estudantes foram divididos em quatro categorias (D1/H1 e D2/H2). Todas com nível A de dificuldade. No dia 16 foi realizado o Percurso Longo e no dia 17 o percurso Médio.
O local da disputa apresentou boa variação de relevo e vegetação, possibilitando mapas de excelente qualidade. A prova Longa se caracterizou pelos percursos técnicos e a prova Média, com boa parte dos percursos em área branca, buscou evidenciar características de velocidade e resistência dos competidores.
Os resultados das provas e a lista de selecionados estão disponíveis no site da CBO.
E nosso álbum de fotos está disponível clicando aqui.
Os atletas selecionados para participação no Mundial Escolar (Estônia) foram:
Categoria D2
Laura Viera Maia, de Minas Gerais, campeã da seletiva
Larissa Silva de Freitas, do Distrito Federal
Alana Santos de Souza, da Bahia
Aline Correia de Almeida, do Pará
Júlia Gaspar Rosal, do Pará
Categoria H2
Ryan Barbosa Castro, da Bahia – campeão da seletiva
Luiz Guilherme M. Mello, do Ceará
Arthur Ferreira Nascimento, do Pará
Bernardo Dutra Barbosa, do Rio de Janeiro
Victor Hugo C. Lopes Rego Pereira, do Rio de Janeiro
Os atletas selecionados para participação no Mundial Júnior (Dinamarca) foram:
Categoria D1
Kailani Ecke dos Santos, do Rio Grande do Sul, campeã da seletiva Rafaela Souza Liborio Pettersen, de Minas Gerais
Categoria H1
Gean Carlos Soares da Silveira, do Rio Grande do Sul, campeão da seletiva Lucas Cremonese Jaeger, do Rio Grande do Sul
Gabriel Azevedo Rodrigues Ferreira, do Rio de Janeiro
Parabéns a todos os orientistas e organizadores pelo sucesso na realização dessa seletiva.
Um recado aos selecionados
Desejamos uma excelente viagem às nossas delegações. Continuem focados na preparação, pois o desafio apenas está começando. Vocês terão pela frente a grata oportunidade de competir junto com atletas de nível internacional. Levem consigo a humildade para aprender mais. Tragam as experiências e as compartilhem com os orientistas que estarão aqui torcendo por vocês.
Especificamente para os que vão à Dinamarca, não deixem de ler nossa experiência no WMOC2018, em Copenhagen (clique aqui e aqui).
Se fosse alguns séculos mais recente, eu diria que a frase mens sana in corpore sano foi criada
para a Corrida de Orientação. Nossa modalidade exige, e bem, a integração entre meio ambiente
e os aspectos físicos e mentais do competidor. E é nesse escopo que vamos
estudar mais um pouquinho. Dessa vez, trataremos de breves análises de rota dos
meus percursos na II Etapa do CamBOr Itamar Torrezam 2016, realizado em Rio
Quente-GO. Para facilitar a leitura, serão três posts. Este aqui é o primeiro, tratando do Revezamento por trios.
Como de praxe, apontarei os detalhes (em sua maioria, os
erros cometidos) que julgo trazerem mais aprendizado para nós. O programa
utilizado é o QuickRoute e os arquivos do GPS eu obtenho a partir do uso dos
dispositivos Igotu ou Suunto. A metodologia é simples: responder às perguntas “o
que planejei?”, “o que fiz?”, e “o que deveria ter feito?”. No final do post disponibilizei o vídeo do percurso, com as rotas em tempo real.
Sem mais delongas, vamos usar nossa massa cinzenta!
Neste Revezamento por Trios, disputei a categoria Master, na companhia dos experientes Bruno Pontes e
Elizete Rodrigues. O primeiro desafio foi definir a ordem dos componentes da
equipe. Optamos pela ordem Bruno, Elizete e eu. Essa montagem considerou
aspectos psicológicos, técnicos e físicos. Eu, por exemplo, já observei que não
obtenho bons resultados largando em primeiro. Geralmente a ansiedade e o
nervosismo na partida em massa me fazem abandonar a técnica e passo a seguir a
manada. É extremamente importante que as equipes avaliem individualmente as
fraquezas e forças de cada componente, e depois o conjunto da obra. Como trio,
sabíamos que a variação entre nossos tempos individuais não poderia ser muito
grande. Mais um detalhe é que eu já percebi que largando em segundo ou terceiro
consigo lidar melhor com a pressão de recuperar tempo, ou de manter o ritmo
caso minha equipe esteja em primeiro. A estratégia deu certo e nossa formação
fez o menor tempo, obtendo o primeiro lugar. Vamos ao mapa:
Notem na tabela de splits
(parciais) da figura abaixo a diferença de rota para chegar aos pontos 4 (72%),
9 (75,4%), 11 (59,4%) e 15 (206,6%).
O programa informa o quanto eu saí da linha vermelha (opção
mais curta). Fácil perceber, portanto, que esses são os pontos os quais o
deslocamento foi bem maior que a distância em linha reta. Vale ressaltar que
nem sempre este número alto significa um demérito. Vou mostrar a vocês de forma
mais detalhada apenas dois desses trechos (3-4 e 14-15).
Rota do ponto 3 para o ponto 4
O que planejei: saída em velocidade a partir do ponto 3, atravessar
a passagem obrigatória utilizando-a como ponto de ataque e alcançar o ponto 4.
O que fiz: ao passar pela passagem obrigatória, me deparei
com uma vegetação alta, diferente do disposto no mapa. Acreditei que o melhor
seria contornar a parte de mato alto pelo lado direito. Infelizmente, não havia
distinção de vegetação conforme o mapa, me obrigando a progredir em baixa
velocidade em direção ao ponto. Além disso, ao chegar no ponto, restou claro
que a distância de vegetação a percorrer era ínfima, não sendo necessário sair
do azimute. Restou claro que interpretei erroneamente o mapa, fazendo com que
eu mudasse a estratégia inicial.
O que deveria ter feito: seguir conforme o planejado, pois a
vegetação era idêntica em toda área amarela. Além disso, a opção de contornar
pela direita só se justificaria caso a distância fosse maior e houvesse claramente
um aceiro para a travessia pelo bordo da vegetação mais densa.
Distância percorrida a maior: aproximadamente 50m.
Rota do ponto 14 para
o ponto 15:
O que planejei: saída pela esquerda, observando com cuidado
as passagens transponíveis de forma a progredir pela rota mais limpa (menos
obstáculos).
O que fiz: segui conforme o planejado. Observem que a saída
foi lenta (cor laranja e vermelha). Neste trecho restou claro que era mais
importante encontrar a melhor passagem, exigindo bastante atenção. Como disse
no início desta matéria, nem sempre o percentual de desvio alto indica erro do
orientista. O traçador de percursos provavelmente utilizou das cercas
intransponíveis neste trecho para testar a leitura de mapa dos atletas. Também
foi possível observar que alguns colegas que não respeitaram a simbologia do
mapa acabaram sendo desclassificados ao passar por esta área (inclusive foram
fotografados!). Ponto para a organização, pois a vantagem ilícita seria de
aproximadamente 150m caso o competidor seguisse pela linha vermelha.
O que deveria ter feito: a opção que adotei foi a mais
acertada. Um erro na interpretação do mapa, ou outra rota a tomar demandariam uma distância muito maior, com consequente aumento no tempo final. Notem na figura uma seta pontilhada indicando uma cerca intransponível; a outra seta apresenta o portão de entrada do parque, sendo esta uma outra rota possível (voltando pelo mesmo caminho utilizado para chegar ao ponto 13), mas demandando tempo e esforço físico que colocariam a vitória em risco. Novidade
Que tal assistir ao vídeo com o mapa da prova? Veja aqui minhas escolhas em tempo real:
E aí? O que achou desta análise? Teve dificuldades em efetuar suas rotas ou no entendimento da simbologia para mapas Sprint? Comente suas impressões.
O próximo post trará a Análise de Rotas do percurso longo.